Ceará

Reforma Agrária

No Ceará, MST ocupa latifúndio improdutivo no município de Santana do Cariri

Aproximadamente 85 famílias Sem Terra ocuparam a fazenda Sítio Ventura

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
A ocupação foi uma demanda das famílias Sem Terra da região, que não tinham onde trabalhar. - Foto: Aline Oliveira/ MST

Na madrugada desta segunda-feira (11), cerca de 85 famílias Sem Terra, residentes no distrito de Brejo Grande, no município de Santana do Cariri, ocuparam a fazenda Sítio Ventura, distante aproximadamente 500 km da capital cearense.

De acordo com informações do MST, a fazenda ocupada é uma área pública que pertence ao estado do Ceará, sob tutela da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). O Brasil de Fato entrou em contato com a SDA, que informou que a área em questão, na verdade, está sob responsabilidade da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Em contato com a assessoria de comunicação da SAP, foi informado que vai ser apurada a situação do terreno, mas que uma coisa é fato. “Não existe unidade prisional em Santana do Cariri. Vamos apurar se esse terreno pertence a SAP”.


A ocupação tem como objetivo assentar famílias Sem Terra e garantir que a terra cumpra sua função social. / Foto: Aline Oliveira/ MST

Flávio Barbosa, da Direção Estadual e Coordenador Regional do MST na região Centro Sul/Cariri, explica que essa ocupação foi uma demanda das famílias Sem Terra da região, que não tinham onde trabalhar. “A ocupação tem como objetivo assentar famílias Sem Terra e garantir que a terra cumpra sua função social”. As famílias acampadas reivindicam a imediata desapropriação da área para fins de Reforma Agrária e produção de alimentos saudável.

A ocupação aconteceu na madrugada desta segunda-feira, e Flávio explica que no momento a situação é considerada tranquila e que as famílias ainda não receberam nenhum tipo de visita oficial de agentes do estado. Questionado se está acontecendo algum tipo de negociação com as famílias, Flávio afirma que sim. “Tem uma audiência com o Governo agora no final da tarde. Foi solicitado outros imóveis que existem nas proximidades para o estado fazer a desapropriação, considerando que a terra pública do estado não é suficiente para assentar todas as famílias”. E continua, “a posição do governo é de diálogo, inclusive, há uns 20 dias atrás já houve uma mesa de negociação com representação das famílias reivindicando do governo do estado a destinação da terra para às famílias Sem Terra. Acreditamos que o governo possa ter o compromisso social e corrigir essa injustiça econômica e social. O Estado com terras ociosas e famílias querendo ter um pedaço de terra para viver com dignidade”.


A ocupação aconteceu na madrugada desta segunda-feira (11). / Foto: Aline Oliveira/ MST

Sobre os próximos passos da ocupação, Flávio informa que é organizar as famílias para ter um plano de ação junto à sociedade para divulgar a pauta das famílias com essa luta; ir às universidades e meios de comunicação; fazer o debate do papel da Reforma Agrária na região do Cariri, o quão é importante para ter produção de alimentos saudáveis e vida digna no campo; organizar uma frente de trabalho para, em negociação com o estado, as famílias terem terra para preparar suas roças já que o inverno no Cariri já inicia em outubro.

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Edição: Camila Garcia