Ceará

Reforma Agrária

Mulheres Sem Terra ocupam sede do Incra, em Fortaleza, pautando a importância da Reforma Agrária e o combate à violência no campo

A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que teve início no dia 06 e segue até amanhã (08).

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
A ocupação, além de ser um espaço de luta e reivindicações também conta com formação. - Foto: Aline Oliveira

Na manhã desta quinta-feira (07), cerca de 600 mulheres Sem Terra ocuparam a sede do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em Fortaleza. A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que teve início no dia 06 e segue até amanhã (08). 

Este ano a jornada tem como lema "Lutaremos, por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos", e tem como objetivo denunciar as violências estruturais do sistema capitalista que afetam diretamente a vida das mulheres por meio da instituição do patriarcado, do racismo e da LGBTfobia, além de protestar contra uma série de violações, como as desigualdades sociais, a fome e a pobreza.

“Estamos em jornada de luta, em defesa dos nossos territórios, para denunciar o descaso com a Reforma Agrária e apresentá-la como medida de enfrentamento aos problemas ambientais, ao problema da fome, da violência e do agronegócio, que tanto vem impactando as nossas comunidades rurais, assentamentos e acampamentos. E seguiremos em luta”, destaca Naira Silva, da Direção Estadual do setor de gênero do MST. 

A ocupação do Incra tem como reivindicação a defesa da Reforma Agrária e o combate à violência no campo, assim como políticas públicas para as agricultoras familiares, como: acesso a crédito, assistência técnica e comercialização, garantias de projetos de subsídios para produzir alimentos saudáveis. A ação também visa chamar atenção das autoridades para a situação de vulnerabilidade que muitas mulheres do campo enfrentam.  

Erivando Santos, superintendente do Incra, recebeu a comissão de negociação para apresentação da pauta e em seguida desceu e fez uma breve saudação às mulheres acampadas. “Esse movimento é um movimento importante, inclusive para o fortalecimento da instituição, assim como da política da Reforma Agrária. Temos dito em diversas oportunidades que nós somos de um governo e compreendemos que os movimentos populares contribuem para que este defina as prioridades. Assim como a luta do MST, a luta sindical, todos aqueles que organizam a luta do povo, sobretudo no campo, que pressiona o governo, ajuda a definir o orçamento para atender as demandas das trabalhadoras e dos trabalhadores. Portanto, contem com a superintendência do Incra do Ceará, nós recebemos a pauta de vocês, vamos analisar a pauta junto com nossa equipe e em seguida enviar para direção do Incra, e amanhã vamos retomar o diálogo com a equipe de negociação para dá um retorno”, informou o superintendente.


Erivando Santos, superintendente do Incra, recebeu a comissão de negociação para apresentação da pauta e em seguida desceu e fez uma breve saudação às mulheres acampadas. / Foto: Aline Oliveira

A reunião aconteceu por volta das 10h30 e contou com a participação do superintendente do Incra, Dr. Erivando Santos, o superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Zé Wilson, e outros servidores da instituição, além da equipe de negociação do MST. Ainda durante a manhã aconteceu uma mística trazendo elementos com o tema da jornada nacional das mulheres Sem Terra e em memória de Raíssa Raiara, uma jovem Sem Terra vítima de feminicídio no último dia 02. Na ocasião a ocupação recebeu a secretária de mulheres da Federação Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará, Cícera Costa, que trouxe o apoio em nome da Federação. 

A ocupação, além de ser um espaço de luta e reivindicações também conta com formação. Hoje (07), durante a tarde, aconteceu rodas de conversa com os temas: corpo e território; mulheres semeando resistência; lugar de mulher é onde ela quiser; sem feminismo não há socialismo. Durante a manhã do dia 08 serão realizadas oficinas formativas de segurança e defesa pessoal, agitação e propaganda, agroecologia, corpo e território (autocuidado).

Para receber nossas matérias diretamente no seu celular clique aqui.

Edição: Francisco Barbosa