Ceará

Lula 2023

Camilo e Izolda são cotados para compor ministério de Lula

Cientistas políticos analisam as possibilidades dos políticos cearenses e o cenário do novo Congresso Nacional

Brasil de Fato | Fortaleza, CE |
Camilo Santana e Izolda Cela devem compor o novo governo Lula, a dúvida é qual pasta deverão ocupar. - Divulgação

O clima ainda é de comemoração depois que a apuração das urnas confirmou Lula como próximo presidente do Brasil. É a tal democracia defendida por todos os brasileiros, independente das escolhas feitas nas eleições. A democracia esteve na boca dos eleitores e também foi uma das palavras mais usadas nas felicitações ao novo presidente. Ainda na segunda-feira (31), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), disse pelo twitter, que ligou para Lula e que além de parabenizá-lo, garantiu que ele  “encontrará no Senado toda a colaboração,com a devida interlocução democrática, para resolvermos os reais e urgentes problemas enfrentados pelos brasileiros”.

Apesar da boa intenção de Pacheco, a composição do senado após as eleições vai exigir de Lula muito jogo de cintura para passar as pautas, mas também para compor seu ministério sem grandes desfalques no congresso nacional. De acordo com a agência do Senado, a bancada do PL, partido de Jair Bolsonaro, será a maior bancada do Senado Federal com 14 senadores. Em seguida vem o PSD, com 11; o MDB e União Brasil, com 10 cada um; e o  PT, com 9 senadores. Juntas, essas cinco bancadas vão perfazer dois terços do Senado. 

O senador eleito Camilo Santana (PT) é um dos nomes cotados para compor o ministério como titular da pasta da Educação. Ex-governador do Ceará com altas taxas de aprovação nos dois mandatos, senador com 69,1% dos votos, Camilo foi o grande articulador para a eleição de Elmano de Freitas para o Governo do Estado e obteve um crescimento expressivo dentro do Partido dos Trabalhadores. Para o cientista político Cleiton Monte, a postura firme e conciliadora de Camilo poderá ser uma carta na manga do PT que precisará negociar com PSB,MDB, Rede e Avante, no Congresso Nacional.

"É normal que ele seja cotado para o ministério, mas acredito que vai depender muito de como vai ser a formação da base aliada do governo  A ideia inicial do presidente Lula é trazer aliados que não estavam diretamente ligados à sua campanha, ele vai querer ampliar e claro, vai tentar reforçar espaços no senado porque lá vai ser uma trincheira muito difícil e ele vai precisar de senadores com visão e equilíbrio como o Camilo. Então não sei se vale a pena tirar o Camilo do senado para ocupar um ministério", acredita o especialista.

É a mesma análise feita pela pesquisadora vinculada ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (LPEM/UFC), Monalisa Torres. Para a cientista, a onda Lula foi responsável em parte pela eleição de Elmano, mas o trabalho de base foi feito pelo ex-governador. "Sem a articulação do Camilo, gerenciando e organizando esse grupo político, que constitui a base de apoio do Elmano, essa eleição não teria sido possível da forma como foi. É uma figura política com longa experiência de gestão como secretário e governador, gerenciando muito bem crises como o motim e a própria pandemia. Isso virou vitrine para ele e trouxe reconhecimento nacional. Mas ao mesmo tempo é importante ter figuras articuladas e que respeitem a decisão do partido no senado porque ele seria mais um nome de peso em um cenário onde temos um legislativo muito forte de oposição a um governo que pretende reunificar o país", analisa.

Outro nome cearense cotado nos bastidores, para compor o Ministério da Educação, é o da governadora Izolda Cela, primeira mulher a governar o Ceará e uma das principais responsáveis pelo planejamento e execução do plano educacional de Sobral, que se tornou referência mundial na educação. A governadora está sem partido desde que se desfiliou do PDT, após o partido escolher o ex-prefeito Roberto Claudio, terceiro lugar nas eleições, para disputar o cargo de governador. 

Para Monte, essa possibilidade é mais viável, mas não necessariamente na pasta da Educação. "Você tem essa possibilidade porque ela não vai ter mandato. Não sei se no Ministério da Educação, mas ela é um nome muito forte para estar no Governo", acredita. Já para Torres, além do reconhecimento de Izolda como grande gestora e patrona das políticas de educação do Ceará, pesa o fato dela estar sem partido. "Ela poderia se filiar a algum partido da base aliada e assumir o ministério da educação ou algum outro cargo importante,  como alguém que carrega um legado de uma política pública muito bem sucedida. É um nome muito qualificado", afirma. O assunto ganhou força depois do vídeo de campanha onde Lula  destaca os feitos de Izolda na área e diz para a governadora "se prepare que nós teremos muito trabalho juntos". 

O novo presidente encontrará um Congresso Nacional hostil. Pelo twitter , o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), reconheceu a vitória de Lula, mas disse que o país ainda está dividido, fazendo referência aos pouco mais de 2 milhões de votos de diferença entre os dois candidatos. "Um Congresso hostil e um novo presidente que terá a chance de reescrever a sua história nesse cenário adverso e na era da tecnologia e das novas relações de trabalho”, postou o senador.

É nesse cenário que entrará em campo a necessidade de formar uma grande composição partidária para reformular o país. Lula recebeu o apoio de 15 partidos políticos para vencer as eleições e isso inclui legendas da base de Bolsonaro como o PP e o Republicanos. 
 

Edição: Camila Garcia