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Vereador propaga discurso de ódio contra membros do MST na Câmara de Fortaleza

As falas ocorreram em respostas ao requerimento apresentado pela vereadora Larissa Gaspar (PT) em homenagem ao MST Ceará

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Em sua fala, o vereador Inspetor Aberto (Pros) iniciou chamando os integrantes do MST de “terroristas”. - Foto: Câmara Municipal de Fortaleza

Durante a sessão planária de hoje (20), realizada de forma virtual pela Câmara Municipal de Fortaleza, a vereadora Larissa Gaspar (PT) apresentou um requerimento de sua autoria, que é o 2982 de 2021, requerendo um envio de votos de congratulações ao MST pelos seus 32 anos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no estado do Ceará, que se comemora no dia 25 de maio. De acordo com ela, esse requerimento foi alvo de muita discussão. Os vereadores até chegaram a pedir votação nominal, portanto em separado, para cada um dos 43 vereadores votarem individualmente. O resultado foi 19 votos contra as congratulações, 14 votos a favor, e 2 abstenções. Mas o que marcou a sessão foram as falas violentas contra os integrantes do MST. “Parlamentares bolsonaristas e, sobretudo, o inspetor Alberto, que é policial civil, do Pros, bolsonarista, fez uma fala absolutamente violenta, criminalizando o movimento”. 

Em sua fala, o vereador Inspetor Alberto (Pros) iniciou chamando os integrantes do MST de “terroristas”, afirmando que “são tudo terroristas”. O vereador apresentou alguns documentos como “prova” onde faziam comparações do MST com as Farc. E exaltado falou: “Ó presidente, pra esses cara aí só tem dois remédios: Ou bala neles. Bala muita ou então vai tudim pra fora do país”.

Gene Santos, da direção estadual do MST Ceará, diz que o Movimento não pode aceitar a colocação criminosa do vereador. “Repudiamos com veemência, com toda força essa colocação criminosa desse vereador hoje no poder legislativo de Fortaleza. É um retrocesso, não simplesmente por ser algo contra ao MST, mas deixa claro o despreparo, essa cultura do ódio contra os pobres. Inclusive agora, ainda mais armado por conta do governo federal de Jair Bolsonaro”. Ele afirma que a fala do vereador entristece por ver o retrocesso de um poder legislativo como poder da Câmara Municipal de Fortaleza.

Larissa explica que em sua fala pediu providências à Câmara, “porque o que nós assistimos na tribuna da Casa foi cometimento de um crime, um crime de apologia ao homicídio contra integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra”. Ela diz que aguarda o que vai acontecer em seguida, se o presidente da Câmara, o vereador Antônio Henrique do PDT vai tomar alguma providência.

Plenário

De acordo com a vereadora, vários vereadores tentaram criminalizar o movimento: Priscila Costa do PSC, Ronaldo Martins do Republicanos, Carmelo Neto também do Republicanos, entre outros, fizeram uma tentativa de criminalização do movimento associando, segundo ela, a as Farc e ao Hamas, “dizendo que invadem terras produtivas e violentam pessoas, destroem seus pertences, enfim, um festival de horrores”, diz.

Em sua fala, Carmelo Neto, do Republicanos afirmou que MST, na sua opinião, é um movimento que deveria ser considerado já há muito tempo um movimento terrorista. Já a vereadora Adriana Gerônimo, do Nossa Cara (PSOL) apresentou algumas das iniciativas do MST Ceará ao defender o requerimento da vereadora Larissa Gaspar e disse que é inadmissível que parlamentares criminalizem um movimento social com tantos anos de história. “Eu não aceito que o MST ou qualquer um outro movimento social seja criminalizado aqui por qualquer parlamentar”, disse.

A plenária completa pode ser assistida no canal do Youtube da Câmara Municipal de Fortaleza.

Edição: Monyse Ravena