O Conselho Nacional de Saúde (CNS) divulgou em seu site, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que apontam que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população. A OMS, no relatório “Diretrizes sobre Saúde Mental no Trabalho”, divulgado em setembro de 2022, estima que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente por causa da depressão e da ansiedade. Outro levantamento apresentado pelo CNS, feito pela Vittude (plataforma online voltada para a saúde mental e trabalho), aponta que 37% das pessoas estão com estresse extremamente severo, enquanto 59% se encontram em estado máximo de depressão. Já a ansiedade, de acordo com o levantamento, atinge níveis mais altos, chegando a 63%. Os dados demonstram a necessidade trazer à tona o debate sobre trabalhadores e saúde mental
Ivan Nogueira dos Santos Júnior, psicólogo, coordenador das Práticas de Cuidado do Movimento Saúde Mental e Conselheiro do Conselho Regional de Psicologia da 11ª região – CRP 11/CE explica que cuidar da saúde emocional é essencial. “Nos sentimos bem mentalmente influencia diretamente no nosso desempenho, na nossa criatividade, nas nossas relações e com as tarefas do dia a dia, por isso a importância de priorizar nosso cuidado e bem-estar”.
De acordo com ele, os principais riscos de não cuidar da saúde mental estão relacionados ao aumento do estresse, oscilação no humor e sono, esgotamento emocional entre outros que levam ao agravamento de adoecimentos emocionais e físicos. Questionado sobre quais os casos mais comuns e principais consequências, o psicólogo destaca “a síndrome de burnout (esgotamento emocional e físico), ansiedade e depressão, ocasionadas pela sobrecarga de tarefas, horas extras excessivas, pressão para cumprir metas, conflitos de papéis e interpessoais com superiores e/ou colegas”.
A analista, Emanuely Silva, explica que recentemente sentiu a necessidade de procurar ajuda médica especializada e isso aconteceu quando ela percebeu que não estava mais conseguindo controlar as emoções em algumas situações. Ela explica que a questão da saúde mental estava interferindo na sua vida profissional, social e pessoal em vários aspectos. “Estava impaciente, menos tolerante, apática, menos sociável. Situações que só depois de medicada pude perceber”.
É preciso ficar atento aos sinais
Ivan explica que quando o trabalhador perceber que não está conseguindo desenvolver suas tarefas de forma saudável, desgaste emocional e físico, conflitos nas relações e entre outros sinais, deve procurar de forma imediata um profissional para realizar o cuidado correto.
“É muito importante que o trabalhador fique atento às condições de trabalho em relação à saúde mental, pois um ambiente de trabalho saudável pode contribuir para o bem-estar emocional e prevenir adoecimentos. O autoconhecimento é fundamental. É importante você perceber os sinais de alerta antes de senti-los na pele, literalmente. No meu caso, eu percebi, mas fui ignorando, ignorando até um momento que não consegui mais. Essa nunca é a melhor alternativa”, afirma Emanuely.
Emanuely diz que vem se sentido melhor após a procura de ajuda médica. “Agora melhor, as crises de ansiedade estão controláveis. Fui medicada a partir de um neuro, porque estava em um estado tão crítico que afetou diretamente com enxaquecas fortes de ir à emergência até duas vezes por semana. O neuro indicou ajuda psicológica, onde vou iniciar terapia e daí vou saber se vou precisar de psiquiatra”.
Busque ajuda
A Lei estadual nº17.310/2020 dispõe sobre a divulgação de informações sobre cuidados com a saúde mental nos veículos de comunicação de órgãos públicos, assim, o Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde disponibiliza diversas dicas, contatos, informas e serviços relacionados à saúde mental em seu site: www.saude.ce.gov.br/saudemental. Lá é possível encontra contatos do Hospital de Saúde Mental, Caps, Unidades Básicas de Saúde, UPAs, SAMU 192 e cartilha sobre saúde mental.
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Edição: Camila Garcia