Ceará

Reforma agrária

Abril Vermelho: o que querem os militantes do MST do Ceará?

Movimento quer novas desapropriações para a reforma agrária e estrutura para assentamentos já existentes

Brasil de Fato | Fortaleza, Ceará |
MST na sede do Incra - Foto: Aline Oliveira

Foi na sede do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que no dia 17 de abril, cerca de 800 trabalhadores Sem Terra deram início ao Abril Vermelho no Ceará. Com o lema “contra a fome e a escravidão: por terra, democracia e meio ambiente”, a ocupação fez parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, que retoma fôlego após períodos de retrocesso nas pautas do Movimento, como enfatiza Neidinha Lopes, da coordenação Nacional do MST: “ passamos um período muito difícil com o governo Bolsonaro em que a reforma agrária estava paralisada. Então ocupamos vários espaços do Governo Federal e Estadual, ocupamos o Incra pra pautar a volta da reforma agrária, por que nesse período os Incra estavam sucateados”. 

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Além do Incra, o MST ocupou ainda Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). Aqui no Estado, assentados cobram, além da imediata reestruturação do Incra, a criação de uma força tarefa para colocar em cena o debate da reforma agrária como alternativa para produção de alimentos saudáveis, a melhora da infraestrutura nos assentamentos e a retomada do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, o Pronera. “Estamos pautando a necessidade de desapropriação de fazendas para fim de reforma agrária, mas também para dar ao nosso assentamento uma vida mais digna e de estruturação do nosso território”, reforça Neidinha. 

Geni Santos, da Direção Nacional do MST, também ressalta os pontos levantados na pauta do movimento no Brasil: “estamos em marcha fazendo ocupação em prédios públicos, fazendo vigília nos Incra para trazer a pauta da reforma agrária em todo o país, tendo clareza de que a reforma agrária é a saída para a superação da fome, do desemprego e tantos outros problemas do nosso país”. 

No Incra, a comissão de negociação foi recebida pelo superintendente Erivando Santos e na SDA, o governador do estado, Elmano de Freitas, esteve presente para ouvir as reivindicações do Movimento. Ele reforçou a promessa de campanha sobre as cozinhas solidárias, instrumento de apoio às periferias do Estado: “nós vamos ajudar na periferia das cidades como Fortaleza, Crateús, Iguatu, Crato, Juazeiro, Canindé e outras. Quem mora na periferia da cidade, nós vamos poder ajudar a montar a cozinha solidária e entregar comida na cozinha para que as pessoas possam fazer a quentinha e entregar para quem tá com fome”. 

Os atos do Abril Vermelho ocorrem em todo o país e relembram a morte de 18 Sem Terra, assassinados pela polícia militar no dia 17 de abril de 1997, em Eldorado dos Carajás, no Pará. “Aprendemos nesses 27 anos memorando a história do massacre de Eldorado dos Carajás que a nossa forma de seguir a história e a vida desses companheiros e companheiras é seguir lutando. A luta daqueles e daquelas, companheiros e companheiras, segue pulsando muito vivo em cada ocupação de terra, em cada agroindústria, em cada escola, em cada curso do Pronera nesses 25 anos”, discursa Paulo Henrique, integrante da Coordenação Nacional do MST, no auditório da SDA durante a ocupação. 

Edição: Camila Garcia