Ceará

Suspensão do NEM

Lula e Camilo Santana se reúnem para definir a suspensão da implementação do Novo Ensino Médio

A suspensão afeta diretamente o Exame Nacional do Ensino Médio de 2024, que se adequaria às mudanças no NEM

Fortaleza, Ceará |
Na prática, as novas regras prejudicam especialmente estudantes de escola pública, ou seja, cerca de 80% dos jovens do ensino médio e fundamental no Brasil, aprofundando diferenças educacionais. - Gabrielle Portela

O presidente Lula (PT) e o ministro da educação, Camilo Santana, se reúnem nesta terça-feira (4) para discutir a suspensão da implementação do Novo Ensino Médio (NEM) no país. As mudanças, aprovadas logo após o golpe de 2016, estão acontecendo de forma gradativa desde o ano passado e causando revolta entre boa parte dos estudantes, pais e educadores.

A suspensão afeta diretamente o Enem de 2024. O Exame Nacional do Ensino Médio, principal porta de entrada para o ensino superior no país, se adequaria às novas regras do NEM. Apesar da sinalização do governo, Camilo Santana já deu diversas declarações contra a revogação do Novo Ensino Médio. O Ministro é a favor de ajustes no modelo atual. Em evento particular na última semana em Fortaleza, Camilo defendeu que o Ensino Médio "seja mais atrativo e coerente com a realidade atual."

Na prática, as novas regras prejudicam especialmente estudantes de escola pública, ou seja, cerca de 80% dos jovens do ensino médio e fundamental no Brasil, aprofundando diferenças educacionais. Para Maurício Manoel, secretário de assuntos jurídicos do Sindicato Apeoc, que representa os professores do Ceará, a sinalização do governo é positiva e abre várias possibilidades de manter o NEM. “Nossa posição é de defender a revogação, aproveitando os pontos positivos e modificando os pontos negativos, porém com a participação dos professores e da comunidade escolar”, avalia o professor.

No início de março, para amenizar as críticas, o Ministério da Educação (MEC) abriu uma discussão por 90 dias no início de março, com representantes de diversas organizações educacionais, além da comunidade escolar e da sociedade civil, para avaliar e reestruturar a  nova política nacional do Ensino Médio. Qualquer decisão definitiva só deve ser anunciada pelo MEC, após o relatório final do grupo.

O novo ensino médio foi aprovado em 2017. Além da redução da carga horária das disciplinas, as principais reclamações giram em torno da falta de estrutura das escolas públicas, da superficialidade dos conteúdos e da falta de formação dos professores para atuar no novo modelo. Desde 2022, as disciplinas tradicionais passaram a ser agrupadas em áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas) e 40% da carga horária é destinada às disciplinas optativas dentro de grandes áreas do conhecimento, os chamados itinerários formativos.

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Edição: Camila Garcia