Ceará

Falta educação

Povos tradicionais de Caucaia reivindicam melhorias na educação do município

Pelo menos 20 escolas apresentam problemas de infraestrutura nos equipamentos, falta de merenda e transporte escolar

Brasil de Fato, Fortaleza, Ceará |
Estudantes, professores e funcionários ocuparam a Secretaria de Educação de Caucaia, em protesto contra as condições da educação no município. - Aline Kosta

Foram mais de nove horas de reunião até ouvir todas as demandas das escolas de educação indígena, quilombola e dos povos do campo, existentes em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Representantes dos povos Anacé, Tapeba, Quilombolas e do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais em Caucaia (SINDSEP)  foram recebidos pelo Secretário de Educação do município, Sergio Kobayashi. Na pauta de reivindicações, pelo menos 20 escolas apresentam problemas em virtude da falta de infraestrutura nos equipamentos, da merenda e do transporte escolar para os estudantes. 

As demandas também incluem falta de material de limpeza, a necessidade de reformas ou construções de banheiros, quadras e reparos nas instalações elétricas e hidráulicas dos prédios, até a falta de recursos humanos nas escolas, desde o motorista do transporte escolar e auxiliares aos professores em sala de aula. O estudante Antônio Eduardo, da Escola de Campo Nossa Senhora da Conceição, reclama da falta de transporte escolar, do almoço e da merenda, que deveriam ser servidas para alunos em tempo integral. “Estamos com dificuldade de ir para a escola e de comer. A gente tem que levar comida de casa quando tem, porque não tem mais estoque na escola e nós estamos atrás disso aqui”, reivindica.

Por volta de 9h da manhã desta quarta-feira (1), estudantes, professores e funcionários ocuparam a Secretaria de Educação de Caucaia, em protesto contra as condições da educação no município. Os manifestantes denunciam que foram recebidos com spray de pimenta pela Guarda Municipal. “Chegaram aqui para jogar gás de pimenta em mães, pais, estudantes, crianças, professores e professoras. Mas nós estamos fazendo um ato pacífico, ocupando o espaço que também é nosso,para reivindicar a pauta da educação quilombola, dos povos originários e do campo e a valorização dos editais específicos para esses povos”, ressalta a liderança, Cristina Quilombola, da comunidade Caetanos de Capuan.

Professores e lideranças indígenas criticam ainda a falta de diálogo com a atual gestão e pedem a saída imediata da coordenadora de educação de etnias do município, Meire Maciel. “Vários professores e professoras e outras pessoas que trabalham na educação sofrem represálias quando apresentam as reclamações, por isso estamos aqui. A primeira pauta e mais importante é o respeito pelas comunidades indígenas, quilombolas e do Campo. Reivindicamos uma educação melhor, partindo das bases porque os professores que estão aqui são preparados para ensinar, sem precisar de privatização. Queremos representação para atender as demandas específicas dos povos originários na SME”, reclama o Cacique Roberto Anacé.


Foram mais de nove horas de reunião até ouvir todas as demandas das escolas de educação indígena, quilombola e dos povos do campo de Caucaia / Divulgação Ascom Prefeitura de Caucaia

 

Os manifestantes também cobram melhorias nas vias de acesso às escolas, desde nova pavimentação em algumas ruas, até a construção de pontes para melhorar o acesso às escolas de campo. 

Em nota, a Secretaria de Educação de Caucaia informou que uma comissão será formada pelos povos originários para propor a criação de um projeto de lei que crie um departamento, dentro da SME, para lidar com as demandas específicas dos indígenas. 

Com relação à infraestrutura das escolas, a Prefeitura informou que das 186 escolas, 140 passaram por requalificações, com obras de reformas gerais, médias e de pequenas complexidades, ultrapassando o investimento de 40 milhões de reais. Mas não informou como fica a situação dos prédios que ainda precisam de manutenção.

Sobre a merenda escolar, informa a Prefeitura, que problemas pontuais na entrega, já estão sendo solucionados. Sobre o transporte escolar, a gestão garantiu que até sexta-feira (3), 10 veículos estarão prontos para reforçar a frota, que conta com 69 carros.

Já sobre a falta de valorização dos professores, a nota informa que a prefeitura de Caucaia concedeu um aumento salarial de 14,9% para professores municipais e abono de 40% na gratificação dos núcleos gestores das escolas. Além disso, houve processo seletivo para a contratação de mais de 2.000 profissionais na área da educação. A Prefeitura também informou que o critério de pertencimento foi respeitado no último edital, realizado no ano passado.
 

Edição: Camila Garcia