Ceará

PANDEMIA

Nova alta de Covid alerta para baixo índice de imunização no Ceará

Fortaleza registra, em média, 75 novos casos por dia. 3,5 vezes maior que o registrados nas semanas anteriores

Brasil de Fato | Fortaleza, CE |
Pouco mais de 20% da população do Ceará tomou a quarta dose das vacinas disponíveis no SUS. - Foto: Amanda Sobreira

Apenas 21,76% da população do Ceará tomou a quarta dose de reforço da vacina contra o coronavírus. O baixo índice é quase igual ao de Fortaleza, onde 21,75% dos moradores tomaram a quarta dose do imunizante. Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Ceará e foram atualizados, neste domingo (27). Os baixos números da imunização preocupam a medida que crescem os registros das síndromes gripais na capital, inclusive do coronavírus, causador da Covid-19.

De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, referente à 47ª semana, entre os dias 15 e 21 novembro foram confirmados, em média, 75 novos casos de Covid-19 por dia. O número é aproximadamente 3,5 vezes maior do que o registrado nas duas semanas anteriores (22,3 casos).  São mais de 373 mil casos só em Fortaleza. A introdução e posterior dominância da sublinhagem da ômicron BQ.1 é o principal fator associado ao aumento súbito de casos neste novo ciclo. E embora haja escape vacinal, as vacinas disponíveis nos postos de saúde e nos pontos estratégicos divulgados pelos órgãos de saúde, continuam protegendo a população. 

“O fato de muitas pessoas não estarem seguindo o calendário vacinal é preocupante porque a diminuição da cobertura vacinal está diretamente ligada ao aumento da transmissibilidade e da sustentabilidade do vírus dentro do hospedeiro humano. Isso traz mais evolução e mais aparecimento de linhagens mais resistentes em relação às vacinas e isso não é desejável. A maioria da população já deveria ter tomado a quarta dose, alerta o pesquisador da Fiocruz Ceará e especialista em saúde pública, Fábio Miyajima. 

A situação é ainda mais preocupante quando o assunto é a vacinação das crianças. No último dia 19, a Prefeitura de Fortaleza disponibilizou 3.250 doses da vacina pediátrica da Pfizer para imunizar crianças com comorbidade entre 6 meses e 2 anos. Como a prazo de utilização do frasco é de 12 horas, crianças sem comorbidade também foram vacinadas, mas mesmo assim, 207 doses foram perdidas por falta de público alvo. Segundo balanço da SMS, até a última sexta (25), apenas 920 crianças foram vacinas. Para Miyajima, com a perpetuação ou manutenção da Sars-Cov-2 no mundo, a vacinação também será recorrente entre todos os públicos. “Nós teremos que aprender a conviver com o vírus e nos vacinar periodicamente, além de não abdicar de certos cuidados. Não precisa estar na cartilha, ou ter uma obrigatoriedade para as pessoas usarem a máscara, por exemplo, principalmente quando estiverem com sintomas gripais”, ressalta o pesquisador.

No último dia 18, o Governo do Ceará voltou a recomendar o uso de máscaras em ambientes fechados e quando houver aglomeração. Nos aeroportos e aviões do país, o uso voltou a ser obrigatório. Algumas capitais como Natal, Recife, Rio de Janeiro e Belém não esperaram novas orientações do Ministério da Saúde e já começaram a aplicar a quinta dose em adultos com mais de 60 anos. Maranhão foi além, e já oferece a quinta dose do imunizante para jovens acima de 18 anos. De acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará, o Governo do Estado tem concentrado esforços junto aos municípios para aumentar o percentual de aplicação das duas doses de reforço da vacina contra a Covid-19 e aguarda comunicação do Ministério da Saúde, por meio do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), sobre o envio e a recomendação da terceira dose de reforço. 
 
Apesar da alta registrada em todo o país, ainda não há deliberação do Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia, sobre instalar barreiras sanitárias nos aeroportos e rodoviárias como medida de contenção para a entrada do vírus. Já os testes gratuitos seguem sendo distribuídos regularmente pelo Estado. Pacientes sintomáticos podem realizar o teste, sem a necessidade de agendamento prévio, em qualquer unidade de saúde com perfil de atendimento para síndromes gripais, ou em demais unidades, de acordo com as estratégias de cada município, como UBS’s e UPAS’s.

Novas vacinas

A atualização de vacinas é um processo natural. As diversas mutações de um vírus exigem que os laboratórios produzam imunizantes mais eficazes. É o que acontece com a vacina da gripe, que entrou para o calendário de vacinação e é tomada anualmente, depois que passa por uma atualização para acompanhar as mutações genéticas do influenza, vírus causador da gripe.


Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 da Fiocruz, no Eusébio, Ceará. / Foto: Amanda Sobreira

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil deve contar com os primeiros lotes da vacina bivalente Covid-19  no início de dezembro. A previsão é da fabricante Pfizer, que tem acordo assinado com o Ministério para a entrega de todas as vacinas disponíveis e aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Os primeiros lotes da vacina bivalente vão reforçar o enfrentamento da pandemia. Isso porque oferecem proteção contra mais de uma cepa de um vírus”, destacou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. 

De acordo com a decisão da Anvisa, as vacinas bivalentes podem ser aplicadas no Brasil como dose de reforço na população acima de 12 anos.

Novos protocolos

Desde janeiro, o Ministério da Saúde recomenda o isolamento de sete dias após o início dos sintomas ou data do teste. É preciso estar sem febre, medicação e sintomas respiratórios para ser liberado. Caso persistam os sinais da doença, os protocolos precisam ser mantidos por mais três dias, completando o tempo padrão de 10 dias. Quem cumpriu isolamento por cinco dias e está sem sintomas, pode realizar novo teste antes de sair.

Sintomas mais comuns

Febre
Tosse
Cansaço
Perda de paladar ou olfato

Sintomas menos comuns

Dores de garganta
Dor de cabeça
Dores e desconfortos
Diarreia
Irritações na pele ou descoloração dos dedos dos pés ou das mãos
Olhos vermelhos ou irritados

Sintomas graves

Dificuldade para respirar ou falta de ar
Perda da fala, mobilidade ou confusão
Dores no peito

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Edição: Camila Garcia