Ana Caroline tem 10 anos, e desde o início de 2022 passa a maior parte do seu dia na Escola Municipal Leonília Gomes Parente, na cidade de Sobral, no Ceará: “eu acordo 6h, vou pra escola 6h30, que é o tempo que eu tomo banho e merendo. A minha aula começa ÀS 7h, são 2h de português e 2h de matemática, porque é de 7h até 11h e de tarde é do mesmo jeito’’, explica sorridente a estudante.
Cristiane Ribeiro, hoje diretora, um dia já foi aluna nesta mesma escola e sabe da importância de grandes investimentos numa educação pública e de qualidade. E, orgulhosa, conta um pouco de sua trajetória na instituição: “sou fruto da escola Leonília, estudei minha vida de ensino fundamental, educação infantil e ensino regular aqui na escola, e retornei alguns anos depois como professora. Depois ingressei como coordenadora e há dois anos assumi a direção que, pra mim, é de uma gratificação incomparável poder estar retribuindo a esta comunidade com aquilo que eu aprendi”.
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A escola Leonília Gomes Parente, integra a lista das 100 melhores escolas públicas do país nos anos iniciais do ensino fundamental. 87 delas são no Ceará. Os parâmetros são avaliados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, e foram divulgados pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) no final de setembro, com base no desempenho destas escolas em 2021.
Mas o resultado obtido nestas avaliações não é um trabalho que começou hoje, mas sim consequência do investimento que vem sendo feito pelo poder público dos 184 municípios cearenses e pelo Estado quando o assunto é educação. Márcio Brito, secretário executivo de cooperação com os municípios, explica que o bom desempenho é resultado de um esforço conjunto e da implantação de uma política pública consistente: “o que eu ressalto primeiramente é o grande pacto federativo que foi estabelecido a partir do ano de 2007, o regime de colaboração do estado do Ceará na educação. Isso tem sido uma referência, porque coloca o Estado num espaço de coordenação da política, não com ascendência hierárquica aos municípios, mas como apoiador, como parceiro, numa relação horizontal onde a gente consegue implementar uma série de políticas de fortalecimento da escola, do professor, do aluno e da comunidade”.
Jeovania Nogueira, diretora da escola José Alves, de Arendá, reforça as qualidades desse sistema e como o regime de colaboração tem impactado no dia a dia das escolas: “em relação a escola ter a sua autonomia, também é muito importante. Pode fazer determinadas ações sem ter interferência, sabendo da realidade de cada sala de aula, os professores se sentem mais a vontade e, claro, estar contemplando todas aquelas dificuldades que os alunos tem dentro da sala e provavelmente, muito seguramente eu lhe afirmo, que todos as dificuldades que eles tem, serão superadas”.
Para obter estes resultados, o estado investe em alguns aspectos cruciais como a formação continuada de professores, no núcleo gestor das escolas, investimento em material didático próprio, e um sistema permanente de avaliação da aprendizagem, que desde 2007, o estado estabelece como avaliação periódica, anual e censitária e que alcança 100% dos alunos da rede pública: “e aí a gente consegue alcançar informações que são importantes, tanto para verificar em rede se a gente tem conseguido alcançar os objetivos, as expectativas que foram geradas, mas também num processo de individualização dos resultados, saber se os alunos estão avançando, no que estão avançando, no que não estão avançando, no que a gente precisa melhorar”, explica Brito.
A maior nota do Ideb 2021, com 9,1, é da Escola de Ensino Fundamental Joaquim José Monteiro, em Cruz, no norte do estado. Para o secretário de educação do município, os bons resultados são fruto de uma política pública continuada: “se você for olhar a trajetória do município de Cruz, você percebe que há uma trajetória, todos os anos há um crescimento nos seus indicadores, desde 2005 até 2021, tanto nos anos iniciais, como nos anos finais e isso se deve a um projeto realmente de gestão, uma continuidade da política’’, afirma.
Para a Cristiane, o investimento na educação de base, é a porta para o bom desempenho nos seguintes: “quando a gente valoriza o processo de ensino e aprendizagem no todo, partindo da educação infantil, se desenvolvendo no primeiro e segundo ano, terceiro ano, consolidando a alfabetização, facilita muito para que os demais conhecimentos, os demais conteúdos sejam introduzidos, facilitando assim um desenvolvimento pleno, mas consolidado, mais efetivo de desenvolvimento da aprendizagem”, defende a diretora da escola Leonília, que há dois anos figura na lista entre as melhores escolas públicas do país.
Edição: Camila Garcia