Ceará

Agroecologia

Casas de sementes mantêm a preservação de sementes crioulas livres de transgênicos

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) construiu aproximadamente 105 novas casas de sementes em 40 municípios no Ceará

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

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Além da guarda de sementes, esses locais também são espaços políticos onde se debate questões relevantes das comunidades. - Foto: Esplar

As casas de sementes comunitárias são espaços localizados em comunidades e assentamentos rurais que têm como objetivo a produção e armazenamento das sementes crioulas. São espaços onde as famílias agricultoras, quilombolas, povos indígenas e demais populações tradicionais podem guardar as sementes que vêm sendo cultivadas por várias famílias ao longo de anos. A Casa de Semente é um espaço de preservação e manutenção dessas sementes livres de transgênicos e guardadas por gerações.
 
Além disso, esses locais também são espaços políticos onde se debate questões relevantes das comunidades, como explica Andrea Sousa, coordenadora de projetos do Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria. Andrea também compõe a coordenação nacional da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a coordenação executiva do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido.
 
“Em relação a importância das casas de semente, a gente pode destacar uma outra importância fundamental que é a importância política. As casas de sementes são espaços políticos em que a comunidade tem esses espaços também como espaços de diálogo, de diálogo de lideranças, de encontro e de ações comunitárias. Então na casa de semente não se fala só de sementes, se fala de juventude, de mulheres, de agroecologia, se pensa os quintais produtivos e a estratégia de produção em quintais produtivos agroecológicos”, explica Andrea.
 
A trabalhadora rural, Joana Damasceno de Sousa, moradora do assentamento Lagoa do Norte, em Nova Russas, no Ceará, afirma que há mais ou menos três anos, o local onde mora recebeu uma casa de semente e ela fala sobre a importância dessa iniciativa. “A importância da casa de semente é porque a gente tem semente de qualidade guardada para quando chover a gente não ficar preocupado, procurando sementes no posto da Ematerce. Então tem para a gente e tem para emprestar para outras pessoas que não têm semente de qualidade para plantar”. 

Joana fala do sentimento de ter uma casa de sementes onde mora e sobre as potencialidades do equipamento. “A casa de semente não vive fechada, ela serve também para funcionar a escola quando precisa na comunidade, a gente faz doação para funcionar algumas salas de aula para as crianças. E também o sentimento é um sentimento de mais uma ação que existe dentro da comunidade que faz bem para mim e para mais gente”. 

Dentre os benefícios que as casas de sementes trazem para as comunidades, Andrea destaca a produção de alimento saudável e o consumo desse alimento que possibilita a manutenção da saúde. “A prática agroecológica, que é uma prática ligada à manutenção da vida, não só a produção de alimentos saudáveis, mas ao envolvimento da juventude na casa de semente, ao envolvimento das mulheres na casa de semente como lideranças, também tem sido um grande benefício para a comunidade, porque estimula essa estratégia de coletividade, mas também dá espaço e visibilidade para as mulheres que vem ao longo dos anos crescendo fortemente no que se refere a liderança dessas casas de sementes comunitárias”. 

A ASA desenvolveu nos estados do semiárido brasileiro o programa Sementes do Semiárido, que fortaleceu a estratégia de guarda de sementes como também construiu novas casas e também equipou as que já existiam. Ao todo, foram construídas aproximadamente 105 novas casas de sementes em 40 municípios no Ceará.

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Edição: Camila Garcia