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Entrevista | "Vamos mostrar para a juventude a convicção de que a luta muda a vida"

O III Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude Ceará acontece de 16 a 19 de junho, no município de Caucaia

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

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Nesses quatro dias vamos contar com três mesas de plenárias com temas mais amplos sobre a conjuntura política, para a gente se situar o que é que é falar do Brasil em 2022. - Comunicação Levante Popular da Juventude

O III Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude Ceará acontece de 16 a 19 de junho, no Cetrex, no município de Caucaia. A expectativa é que o encontro reúna aproximadamente mil jovens de 40 municípios do Ceará. A programação contará com plenárias de debate com os temas: Conjuntura política brasileira; os impactos do patriarcado, racismo e capitalismo na vida da juventude; e os desafios da juventude para o ano de 2022, além de oficinas, rodas de conversa e atividades culturais no decorrer dos quatro dias de atividades. 

De acordo com Amanda Primo, da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude, “nosso objetivo é retomar a organização da juventude pós esses anos de pandemia e de governo Bolsonaro e apresentar uma perspectiva coletiva para o enfrentamento da crise brasileira, fortalecendo o campo dos movimentos populares, bem como debater as estratégias eleitorais para eleger Lula Presidente e uma bancada representativa das demandas da juventude no congresso”.

Amanda Primo conversou com o Brasil de Fato sobre a importância da realização do Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude do Ceará e quais as expectativas para o encontro. Confira.

Queria começar perguntando o que é o Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude?

O Acampamento é um pouco do marco na construção do Levante. É um ritual que a gente costuma construir de anos em anos, normalmente de dois em dois, mas é meio flexível também essa periodicidade e é o nosso momento mais amplo de encontro com a nossa militância, de encontro com a juventude e é onde a gente atualiza um pouco da nossa análise de conjuntura.

Além disso, para nós, o acampamento também é um momento muito místico, de muita animação, que possibilita essa troca entre as realidades e também um pouco de uma renovação do compromisso com a luta, um pouco de repensar qual é o sentido de estar organizado no movimento. Então para além desses espaços de debate mais amplos também acontecem rodas de conversa sobre temas específicos, oficinas, para que a nossa juventude passe por alguns processos de formações em algumas atividades que são mais interessantes para ela.

Também tem atividades culturais na nossa programação e os momentos de interação, porque sempre tem jovens que não se conhecem, então a gente acredita muito que esse espaço de vinculação, de identificação contribui para que se consiga debater, de fato, com profundidade os desafios da juventude como um todo.


O Acampamento é um pouco do marco na construção do Levante. É o nosso momento mais amplo de encontro com a nossa militância, de encontro com a juventude. / Foto: Comunicação Levante Popular da Juventude

Outros estados também vão realizar acampamentos este ano?

A gente vai ter, inclusive, o Encontro Nacional acontecendo também nesse período, vai ser um encontro de militantes, não vai ser um acampamento, mas outros estados, em outros momentos do ano, acho que provavelmente ali mais para o segundo semestre, vão também estar construindo seus acampamentos.

Então, do que eu tenho de informação, eu sei que a Paraíba vai realizar, o Rio Grande do Sul vai realizar, Minas Gerais também, então vai pipocar aí de acampamentos. Procure o Levante nos estados de vocês que também terão a oportunidade de participar desse momento de organização política.

E qual é a expectativa da realização do Acampamento no Ceará?

A nossa expectativa aqui no estado para a realização desse terceiro acampamento é de reunir mil jovens de diversas regiões do estado, então essa é um pouco da nossa expectativa de mobilização. Mas a gente também compreende que vão ser jovens que vão vir de diferentes realidades e vão estar ali juntos nesse encontro e eu acho que a gente acredita que esse é um pouco da beleza e da importância do Levante que acaba por ser um movimento que aglutina as diferentes realidades do que é ser jovem no nosso país, no nosso estado.

Isso também é um pouco da nossa expectativa, conseguir juntar essas diferentes realidades, e a gente, de fato, construir um encontro representativo, plural, diverso, e que consiga mostrar para a juventude a importância da organização popular. Acho que essa é um pouco da nossa expectativa, dentro da nossa cultura política de construir com animação, de construir com cultural, mas que a gente consiga mostrar para os jovens a importância de construir os movimentos populares, de fortalecer a luta popular. Essa é um pouco da nossa expectativa.

Esse é o terceiro encontro aqui no Ceará?

Aconteceram outros dois acampamentos aqui no estado, um foi em 2013 na nacionalização do Levante aqui e o outro foi em 2018, em uma conjuntura bem diferente, que a gente estava ali no ano de eleição que Bolsonaro infelizmente se elegeu, e na época a gente pautava “Lula Livre”, essa era a nossa maior pauta de luta na esquerda. Agora vamos construir esse terceiro com outra conjuntura, um pouco mais esperançosa, se antes, lá em 2018 a gente pautava “Lula Livre”, agora a gente pode pautar “Lula Presidente” em 2022. 

Então é um pouco disso também, apresentar como a conjuntura muda muito rápido, então por isso a importância de estar construindo esses espaços, de se atualizar, porque senão a gente fica repetindo discursos que não cabem mais.

Qual a importância desse encontro?

A importância de construir esse Acampamento e, sobretudo, nesse momento da nossa história, é da gente conseguir dar uma retomada na organização da juventude que, querendo ou não, a organização dos movimentos, da esquerda como um todo ficou bem prejudicada nesses últimos anos, em parte por conta da pandemia que desorganizou um pouco a nossa cultura de organização. A gente ficou longe das ruas por um período, tivemos que nos resguardar das atividades massivas, das atividades presenciais, isso desempenhou, querendo ou não, o impacto na organização dos movimentos populares. 

Outro elemento é esse período de governo Bolsonaro, dos ataques do governo Bolsonaro aos movimentos populares e à esquerda como um todo que também prejudicaram a nossa organicidade, a nossa capacidade inclusive de construir luta. Porque estávamos em um período de defensiva de ataques reais, então a gente tem percebido que esses dois fatores combinados, da crise da pandemia e do governo Bolsonaro impactaram verdadeiramente nossa capacidade de organização, de mobilização.

A gente acredita que construir esse acampamento vai proporcionar esse espaço de reencontro, de reconexão com a luta, de diálogo também com essa nova geração sobre a importância da organização popular e apresentar uma saída coletiva para solucionar esses problemas que estão postos para nós que, querendo ou não, são jovens que estão dentro de uma lógica muito individualista, que diz que a gente tem que resolver nossa vida, que os nossos problemas é a gente que causa então é a gente que resolve.

A gente acredita que esse acampamento vai proporcionar que a gente visualize novamente, dialogue novamente com essa massa de jovens sobre como a potência de estar em coletivo constrói as mudanças necessárias. Então a gente está visando aí com esse acampamento devolver para a juventude a convicção de que a luta muda a vida, de que o povo unido tem o poder de construir as mudanças necessárias nesse país que não vai nada bem, né? E que a gente em coletivo é que consegue construir essas mudanças para ter vida digna, para ser feliz.


Bateria do Levante Popular da Juventude abre ala para a homenagem às vítimas da Covid-19 / Abraão Moura - Levante Popular da Juventude

E quem se interessar em participar ainda dá tempo? Como é que faz para se inscrever? Como é que faz para participar do acampamento?

Para participar do acampamento basta ter vontade de participar, basta ter desejo de transformação, a gente está no período de organizar as listas de ônibus, porque vão sair ônibus de diversas regiões do estado. Sei que essa nossa conversa vai chegar em vários jovens de diferentes municípios, então no nosso Instagram tem o link de inscrição.

A gente também entende que a galera quer se inscrever, mas também quer tirar dúvidas, quer saber quem é o responsável pela sua região, então tudo isso dá para a gente ir conversando ali nas nossas redes sociais, sobretudo no Instagram, e aí o link de inscrição ainda tá lá na bio, precisa responder um formulário mínimo para a gente saber de onde são esses jovens, de onde estão falando, se tem restrições alimentares, se tem alguma necessidade específica... O Instagram da gente é @levanteceara.

Você não precisa ser do Levante para participar do acampamento? Basta ser jovem e se inscrever?

Exatamente, a gente tem construído esse espaço de acampamento que inclusive é um espaço que muita gente tem tido dúvidas. É um espaço gratuito. A gente tem dito que quem quer participar pode participar, quem quer conhecer o Levante, quem quer se engajar na luta, ou quem quer debater sobre os desafios e o futuro que a gente tem que construir em coletivo está convidado para o Acampamento. Então é um Acampamento construído pelo Levante, mas ele é bem mais amplo que isso, a gente quer reunir a juventude que tem interesse em debater as pautas importantes para a nossa geração, então quem se interessar, achar interessante, saber melhor como é, pode se inscrever que está super convidado.

Qual a programação do acampamento?

Nesses quatro dias vamos contar com três mesas de plenárias com temas mais amplos sobre a conjuntura política, para a gente se situar o que é que é falar do Brasil em 2022, o que é que está acontecendo para a gente se apropriar desse debate; vai ter uma outra mesa para a gente refletir um pouco sobre os impactos do patriarcado, do racismo e do capitalismo na vida da juventude, como esses elementos, esse nó, que a gente chama, geram bastante desigualdade social e geram impactos na nossa vida; e para finalizar a gente vai terminar com a mesa sobre os desafios para 2022, que assim, já tem pegado aí com a juventude, está na boca do povo sobre o fato de este ano ser o ano das nossas vidas, o ano da retomada, então a gente quer dialogar um pouco sobre o que é que isso quer dizer, quais vão ser os nossos desafios? 

Para além dessas mesas mais amplas de debate a gente vai ter várias oficinas de passinho de reggae, de teatro, de slam. e vamos ter atividades culturais, querendo ou não estamos na época junina, então não teria como a gente não construir uma quadrilha, como também construir outras intervenções, de convidar outros artistas do nosso estado, a gente acredita na potência da arte e da cultura como transformadora, e acho que construir esse acampamento é o espaço também para os nossos artistas se apresentarem, fortalecer um pouco da cena local, consumir artistas locais, então vai ter esse momento mais de plenária, de debate, mas também vão ter atividades culturais, oficinas, etc.

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Edição: Camila Garcia