Ceará

MINERAÇÃO NO CEARÁ

Articulação Antinuclear Ceará recebe doações para garantir participação em audiências públicas

As audiências contra o projeto de exploração das minas de urânio e fosfato acontecem nos dias 7, 8 e 9 de junho

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte CE |
Ato em frente a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará contra o projeto de exploração de urânio e fosfato em Santa Quitéria-CE - Articulação Antinuclear do Ceará

Em Santa Quitéria, a Articulação Antinuclear do Ceará (AACE), formada por comunidades, movimentos, igrejas, ONGs, pesquisadores e universidades que lutam contra o projeto de mineração da maior mina de urânio e fosfato do Brasil, localizado na região, tem solicitado apoio para viabilizar a participação das comunidades campesinas, indígenas e quilombolas nas audiências públicas do licenciamento ambiental do projeto de mineração. As audiências devem acontecer entre os dias 7, 8 e 9 desse mês, nos municípios de Santa Quitéria, Itatira e Canindé.

Pedro D'Andrea, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), afirma que a leitura feita através da Articulação Antinuclear do Ceará é que as audiências previstas não deveriam acontecer, assim também como todo o licenciamento ambiental do projeto de mineração deveria ser suspenso, haja visto que há uma diversidade de povos de comunidades tradicionais na área que será afetada direta e indiretamente. “Existem cerca de trinta territórios de povo e comunidade tradicionais, são mais de cinco etnias indígenas atingidas por este empreendimento, estamos falando de mais de oitenta comunidades de povos de terreiro, cento e cinquenta e seis comunidades entre assentamentos da reforma agrária e comunidades camponesas”, afirma.

A população de Santa Quitéria, região do Sertão dos Crateús, luta contra a exploração da maior mina de urânio e fosfato do país, e terceira maior do mundo. O projeto iniciado ainda na década de 1970, foi colocado em pauta novamente em 2020, no auge da pandemia, colocando a vida da população que vive no entorno ainda mais em perigo com os efeitos da radiação liberada através do processo de mineração.

D'Andrea ainda ressalta que a Articulação defende que o processo seja suspenso e que retorne para o processo de consulta prévia livre e informada aos povos, e que seja levado em consideração o modo de vida dos povos tradicionais. “Ainda assim nós vamos estar lá, vamos com o povo organizado, garantindo a representatividade dessa diversidade de territórios que nós estamos falando, e vamos lutar para que esse processo seja suspenso, porque ele traz impactos não apenas para essa população, mas também para outros territórios como Monsenhor Tabosa e até mesmo Caucaia”.

Durante as audiências marcadas para acontecer nesses três dias, a Articulação Antinuclear e o MAM quer discutir sobre o projeto de exploração da mina e apresentar estudos que mostram os riscos e impactos desta exploração em todo estado cearense.

Como apoiar

Para viabilizar a participação das comunidades nas audiências públicas, a contribuição pode ser feita através da chave pix: 85 999189782 (Sarah Lima). O valor arrecadado será destinado para gastos com alimentação, estadia e transporte dos movimentos sociais e comunidades.

Para receber nossas matérias diretamente no seu celular clique aqui.

Edição: Camila Garcia