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FUP promete ‘maior greve da história’ se Bolsonaro tentar privatizar a Petrobras

Sem coragem para mudar a política de preços da estatal, governo usa privatização para desviar o foco

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Coordenador-geral -da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, foi ao Twitter responder, em nome da categoria, à ameaça de privatização - FUP / Divulgação

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT), Deyvid Bacelar, afirmou nesta quinta-feira (12) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) verá “a maior greve da história da categoria”, caso avance na intenção de privatizar a Petrobras.

A proposta é mais uma tentativa do governo de desviar a atenção da atual política de preços da estatal, que vem provocando a explosão dos preços dos combustíveis no Brasil. Bacelar ressalta que a privatização da maior empresa brasileira também não é solução para reduzir os preços aos consumidores.

“Ao invés de buscar um ‘bode expiatório’ para enganar a população, fingindo preocupação, Bolsonaro deveria assumir o papel de mandatário e acabar com essa política de preços covarde, que vem levando o povo cada vez mais à miséria”, afirmou pelo Twitter.

O coordenador-geral da FUP lembrou que os petroleiros já aprovaram estado de greve, no final do ano passado, contra as ameaças de privatização da Petrobras. “Bolsonaro, repito: você vai ver a maior greve da história da categoria petroleira caso ouse pautar a privatização da Petrobras”.

Os petroleiros afirmam que Bolsonaro “finge” não ter responsabilidade sobre o aumento dos combustíveis. No entanto, o governo federal é o acionista majoritário da Petrobras. Bolsonaro indica não apenas o presidente da estatal, como a maior parte dos integrantes do Conselho Administrativo.

Nesse sentido, se houvesse vontade política, Bolsonaro poderia ordenar mudanças na política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que a Petrobras adota desde 2016, após o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff.

Espantalho político

O tema voltou à discussão após a troca no comando do Ministério de Minas e Energia. O novo ministro, Adolfo Sachsida, entregou hoje ao ministro da Economia, Paulo Guedes, um pedido para que sejam feitos “estudos” para a privatização da Petrobras e da PPSA, a estatal do pré-sal. Guedes prometeu iniciar esses estudos “imediatamente”. Mas o próprio ministro afirmou que não há prazo para que sejam concluídos.

Às vésperas das eleições, são remotas as chances do processo de privatização da Petrobras prosperar nesse momento. Nesse sentido, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou que o tema “não está no radar ou na mesa de discussão”. “O momento é muito ruim para isso”, acrescentou.

“Estudos podem ser feitos, conforme anunciou o novo ministro das Minas e Energia. Que sejam os mais bem feitos. Mas entre o estudo e a concretização há uma distância longa” afirmou. Após encontro com secretários estaduais de Fazenda para discutir a alíquota do ICMS sobre a gasolina, Pacheco também afirmou que a Petrobras e a União precisam fazer mais para conter os preços dos combustíveis.

Com a finalidade de controlar os preços dos combustíveis, defendeu a criação de um fundo de estabilização. A proposta para criação desse fundo já foi aprovada no Senado há dois meses. Mas o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), considera que a proposta não é prioridade.