Rio Grande do Sul

Opinião

Artigo | Por uma educação universitária plural e multicultural

"As mobilizações das e dos estudantes pretendem ressignificar as relações, as culturas e os ambientes das universidades"

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A luta de estudantes indígenas é por respeito e compromisso com as diferenças étnicas e culturais, com os modos de ser e viver dos povos e de seus sistemas educacionais - Foto: Alass Derivas | @derivajornalismo

Acompanhando, ouvindo e percebendo as expectativas das universitárias e dos universitários indígenas se pode afirmar que eles se movimentam pela defesa de direitos, mas não simplesmente por uma casa, por um espaço físico. Eles exigem respeito e compromisso com as diferenças étnicas e culturais, com os modos de ser e viver dos povos e de seus sistemas educacionais. 

Suas ações e mobilizações visam:

•    retomar as universidades como partes, ou parcelas de seus territórios;

•    demarcar as universidades como lugar de encontros pluriculturais e multiétnicos;

•    reterritorializar a academia, dando a ela rostos indígenas, negros, populares;

•    reculturalizar para romper com as práticas eurocêntricas, capitalistas de dominação dos saberes;

•    desracializar os espaços acadêmicos dominados por gestores, professores e alunos brancos;

•    feminizar, dar à academia, aos conhecimentos e às pesquisas a força intelectual das mulheres e meninas;

•    desmasculinizar, romper com o excessivo poder masculino e machista nos ambientes universitários;

•    descolonizar a academia e as sociedades, expondo-a às culturas, às crenças, às ancestralidades, às pinturas e texturas dos universos indígenas.

As mobilizações das e dos estudantes pretendem ressignificar as relações, as culturas e os ambientes por dentro e por fora das universidades. Este é o verdadeiro sentido dessa luta intensa, engajada e espiritualizada.

* Coordenador do Conselho Indigenista Missionário - CIMI - da Região Sul do Brasil

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko