Ceará

Custo de Vida

Alta do trigo encarece o preço do pão na mesa do brasileiro

Em Fortaleza, segundo o Sindipan-CE, a tendência é que o quilo seja encontrado a partir de vinte reais essa semana

Fortaleza, CE |
Com o valor que se compra algo em torno de 20 carioquinhas pode-se adquirir 1 kg de feijão carioquinha (R$5,75), 1Kg de quilo de arroz branco (R$ 4,29), 1 frango congelado (R$ 9,50) e ainda sobram alguns centavos. - Divulgação

Dependendo da região, ele recebe nomes diferentes: carioquinha, francês, pão de sal, massa grossa. Mas independente do nome, o fato é que o alimento faz parte da mesa do brasileiro. Com manteiga e acompanhado de um café quentinho então… ele vai fácil em várias refeições do dia, como conta a empreendedora Zélia Costa: “Aqui em casa a gente consome pelo menos duas vezes ao dia, que é no café da manhã e no café da tarde. Ele representa pra gente a carga inicial, começou a manhã, tomou aquele café com pão e aí você é outra pessoa para enfrentar o dia a dia”, conta sorridente.

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O problema é que o preço do pãozinho disparou nas padarias. Em Fortaleza, segundo o Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Sindipan-CE), a tendência é que o quilo seja encontrado a partir de vinte reais essa semana. Em bairros onde o pão não é pesado, mas vendido na unidade, o aumento também foi perceptível, chegando a até 100% do valor: “a gente comprava a 25 centavos, passou a R$ 0,30, depois para R$ 0,50. E eu já soube que na minha próxima ida à padaria, ele vai tá por R$ 0,60. Então o impacto disso no nosso orçamento familiar é muito considerável. Ou você diminui o consumo desse pão, ou você passa a diminuir outros itens da cesta básica para consumir o pão”, relata Zélia.

Só pra se ter uma ideia, na capital cearense, com R$ 20,00 é possível comprar uma refeição completa. Com o valor que se compra algo em torno de 20 carioquinhas pode-se adquirir 1 kg de feijão carioquinha (R$5,75), 1Kg de quilo de arroz branco (R$ 4,29), 1 frango congelado (R$ 9,50) e ainda sobram alguns centavos. A alta no preço do trigo segue uma tendência internacional impulsionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Juntos, os dois países exportam cerca de 30% do trigo consumido no mundo. 

Mesmo tão distante, a guerra impacta a vida de cidadãos comuns aqui no Brasil, não só nas padarias, mas repercute em toda uma cadeia que gira em torno do insumo. Gente como a padeira Kerla Alencar, que produz pães artesanais e acompanha com preocupação o cenário que se desenha em torno de sua principal matéria-prima. “O fato é que o aumento do trigo tem um impacto muito forte nos custos da minha padaria. Os custos fixos não mudam, mas os custos variáveis estão mudando muito e impactando no custo geral da padaria. Então fica difícil manter, especialmente pra alguém que tem uma produção artesanal como eu tenho”, explica. 

E a padeira tem usado da criatividade na tentativa de manter o preço de seus pães: “Eu ainda não repassei esse valor para a clientela, né? Desde 2013 eu pratico os mesmos preços e, infelizmente, eu não estou vendo como não repassar. Mas até o momento eu estou tentando ser ainda mais criativa, trabalhando ainda mais no aspecto da minha padaria, que é a regionalidade na panificação, então tem insumos regionais que eu posso agregar mais aos meus produtos para diminuir um pouco a dependência dessa commodity que é o trigo”.

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Edição: Camila Garcia