Rio Grande do Sul

Meio Ambiente

Moradores de Taquari organizam ato contra proposta de instalação de aterro sanitário na região 

População denuncia falta de transparência do projeto e uma série de impactos sociais, ambientais e econômicos

Brasil de Fato | Taquari |
Taquari é o município mais antigo do Vale do Taquari, uma região rica em belezas naturais - Foto: Lucas Wendt/Site Univates

Moradores de Taquari organizam caminhada neste sábado (26) contra a proposta de instalação de um aterro sanitário na região. A concentração está marcada para as 9h, na Praça da Matriz, localizada no centro da cidade. De acordo com a população, a área prevista para a instalação do empreendimento, situada em Linha Amoras, no interior do município, fica próxima a nascentes e poços artesianos utilizados para o abastecimento das comunidades locais. 

Situada na região central do Rio Grande do Sul, a região do Vale do Taquari é formada por 36 municípios, que totalizam 4.821,1 km² (1,71% do Estado) de área. Em 2017, conforme Estimativas Populacionais do IBGE (2018), a região contava com 351.999 habitantes (3,11% da população gaúcha) – a grande maioria de origem alemã, italiana ou açoriana. 

O município mais antigo é Taquari, emancipado de Triunfo em 1849. Estrela e Lajeado já têm mais de 100 anos. A maioria dos municípios emancipou-se a partir de 1959. Os municípios mais populosos são Lajeado, Estrela, Teutônia, Taquari, Encantado e Arroio do Meio, que respondem por 60,63% do total da população regional.

A preocupação da comunidade é de que o chorume, líquido tóxico gerado pela degradação dos resíduos orgânicos em aterros sanitários, contamine a água, o solo e o ar, colocando em risco o ecossistema, o que afetaria a produção agrícola. “Taquari é uma grande potência em produção de mel orgânico, a apicultura é muito forte na nossa região, se abelhas forem expostas a uma ‘lagoa de chorume’, elas vão morrer, e nós vamos perder a produção de mel”, explica Regis Eli Amaral dos Santos, integrante da Comissão de Lideranças Comunitárias de Taquari. 

:: População de Taquari (RS) se mobiliza contra a instalação de “lixão” regional na cidade ::

A empresa Sustentare Saneamento, responsável pelo projeto,  pretende destinar 66 hectares para a captação de resíduos urbanos - domiciliar e comercial - produzidos em um raio de 100 quilômetros do entorno do aterro. Isso quer dizer que a cidade de Taquari seria o destino final do lixo gerado por mais de 50 cidades da região. A estimativa é de que o aterro receberia mil toneladas de lixo por dia. 

“Vamos nos unir, campo e cidade, para fazer um grande manifesto contrário e dizer: ‘Taquari não quer lixão. Amoras não quer lixão. Não queremos o lixo dos outros, encontrem outra solução’”, ressalta o representante da comissão de moradores. 

A proposta, ainda em fase de licença prévia na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), é semelhante à apresentada pela empresa Vital Engenharia Ambiental, pertencente ao Grupo Queiroz Galvão, que há anos tenta instalar um aterro sanitário na zona rural de Viamão, rica em biodiversidade e próxima a aldeia indígena Guarani do Cantagalo. 

Veja a live que tratou do tema

 
ATERRO SANITARIO E O PROBLEMA PARA AS COMUNIDADES

ATERRO SANITARIO E O PROBLEMA PARA AS COMUNIDADES Com a participação do presidente da Associação dos Moradores da comunidade Júlio de Castilhos, de Taquari, Regis Eli Amaral dos Santos; da integrante do Movimento Não ao Lixão em Viamão, Iliete Citadin e de Wendell Castro, de Águas Lindas, Brasília. A mediação é com Luiz Muller

Posted by Brasil de Fato RS on Thursday, February 24, 2022

 

População de Montenegro também se mobiliza contra aterro

A população da cidade de Montenegro também vem contestando um empreendimento parecido, que prevê receber, durante 26 anos, Resíduos Industriais de Classe I, considerados perigosos, em um aterro localizado na comunidade de Pesqueiro, às margens do rio Caí. A população denuncia a falta de diálogo, inclusive sem respeitar o direito à Consulta Livre, Prévia, Informada e de Boa Fé dos povos atingidos pelo empreendimento, como o Povo Kaingang e a Comunidade Kuilombola CoMPaz.

Na noite desta terça-feira (22), a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) realizou uma audiência pública com as comunidades do município e região para apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Foram mais de 3 horas de reunião com transmissão online pelo perfil no YouTube da empresa que pretende se instalar no município, a Fundação Proamb, com participação da comunidade através de uma reunião online. 

O projeto seria construído em uma área de 46 hectares, localizada a 850 m do entroncamento com a ERS-124, no município de Montenegro (RS). Para realização do aterro estão previstos mais de 40 impactos gerados na região e, como retorno para o município,  a geração de apenas 40 vagas durante a implantação do projeto, sendo 20 empregos na fase de operação. O investimento previsto no projeto chega a 5 milhões de reais.

Confira a íntegra da Audiência Pública: 

 


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Edição: Katia Marko