Pernambuco

2022

“Direita de Pernambuco vive do governo Bolsonaro, mas tenta esconder”, ironiza Carlos Veras

Deputado afirma que prioridade é eleger Lula; Veras só aprova chegada de parlamentares comprometidos com o partido

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Veras posa ao lado do governador Paulo Câmara durante atividade do "Plano Retomada" em Paulista-PE - Reprodução

O deputado federal Carlos Veras (PT de Pernambuco) ironizou os adversários políticos posicionados à direita no estado, a exemplo de Miguel Coelho (DEM), Raquel Lyra (PSDB) e Anderson Ferreira (PL), assim como seus apoiadores André Ferreira (PSC) e Daniel Coelho (DC) – estes dois são colegas de bancada de Veras em Brasília. Sem citar nomes, o deputado petista acusa os adversários de “maquiar” a relação que possuem com Bolsonaro, já que a rejeição à atual gestão federal chega a 74% no Nordeste.

“Eles se dividem para tentar se esquivar de Bolsonaro. Vivem da estrutura do Governo Federal, mas na eleição tentam esconder, para tirar das suas costas a imagem negativa de Bolsonaro”, palpitou. Ele avalia, no entanto, que a população entende quem é aliado de quem. “O povo pernambucano sabe quem são eles e a que projeto eles dão sustentação”, diz Veras. Em Pernambuco, visando as eleições 2022, a oposição de direita tem tentado construir candidaturas majoritárias, mas ainda não definiu quantas ou quais serão.

A que parece mais próxima de obter o aval do partido é a de Miguel Coelho (DEM). O prefeito de Petrolina tem um pai senador, um irmão deputado federal e outro estadual, além de um futuro partido robusto [União Brasil, resultante da fusão do DEM com o PSL]. Mas a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), também busca se viabilizar; assim como o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL).

Carlos Veras (PT) tem acompanhado muitas agendas do governador Paulo Câmara (PSB) no interior do estado e tem sinalizado seu apoio ao retorno do PT à Frente Popular, coligação liderada pelo PSB e que deve ter Geraldo Julio (PSB), ex-prefeito do Recife, candidato ao Governo do Estado.

Objetivo: eleger Lula

Questionado sobre o papel do PT na disputa estadual, o deputado evitou falar em cargos majoritários (governador, vice ou senador) e disse que a prioridade número um é obter votos para o ex-presidente Lula (PT). ““É construir um palanque forte para ajudar na eleição de Lula à Presidência da República. Esse é o nosso papel e faremos isso conversando com as forças democráticas”, diz o deputado.

Ao ser perguntado sobre possíveis entradas de deputados pernambucanos no PT visando se reelegerem (já que, sem coligações, alguns partidos não devem conseguir formar chapas), Carlos Veras não colocou barreira, mas disse que o espaço deveria ser dado aos militantes petistas. “Temos companheiros e companheiras valiosos no partido e que estão à disposição para integrar as chapas de deputados federais e estaduais. Acredito que as pessoas que constroem o partido há tanto tempo devem ser prioridade”, pontuou.


Carlos Veras, Lula e o senador Humberto Costa durante visita de Lula ao Recife / Karol Santos/PT

Sobre migrações de colegas da bancada pernambucana no Congresso, o petista opina que se alguém chegar, deve se submeter ao partido. “Quem entra no PT sabe que a gente tem muita discussão, muito debate. Mas quando toma uma decisão, tem que seguir a decisão do partido, seja por unanimidade ou por maioria. É assim que funciona”, diz Veras.

“Existem especulações [de nomes], mas não vi nada concreto ainda. Se algum colega quiser seguir as orientações do partido, seguir esse projeto, está tudo bem. Mas não dá para tentar criar um partido dentro do PT”, reafirma o petista. “Parlamentares que quiserem vir construir o Partido dos Trabalhadores, construir a candidatura de Lula e um palanque sólido, será bem-vindo”, conclui.

Auxílio-Gás até sexta-feira

No dia 29 de outubro a Câmara Federal aprovou o Projeto de Lei (PL) número 1374/2021, de autoria conjunta entre Carlos Veras e Carlos Zarattini (PT de São Paulo). O projeto institui um “vale-gás” para famílias de baixa renda, mas para ter validade precisa ser sancionado pelo presidente da República. “O nosso projeto garante desconto de no mínimo 50% no valor do botijão e também beneficia mulheres que foram vítimas de violência doméstica”, explica Veras.

O pernambucano critica o Governo Federal pelo preço do gás, mas garante estar esperançoso na sanção. “Estou conversando com muitas lideranças e espero ansiosamente que o governo sancione esse projeto e possa regulamentar o vale-gás”, diz ele. “Ninguém aguenta mais o botijão de gás chegando a R$ 130. A população está passando dificuldade, cozinhando a lenha, usando combustível, o que tem gerado acidentes e até morte. Não dá para continuar desse jeito. O presidente Jair Bolsonaro tem o prazo até essa sexta-feira (12) para sancionar o projeto.

Edição: Vanessa Gonzaga