Paraná

Luta pela terra

Comunidade do MST em Castro (PR) comemora 6 anos com a conquista do Cadastro de Produtor Rural

Dom Sérgio Arthur Braschi, bispo de Ponta Grossa, celebrou uma missa dedicada ao acampamento

Curitiba (PR) |
Acampamento Maria Rosa do Contestado é formado por cerca de 100 famílias - Foto: Valmir Fernandes/MST-PR

As famílias do acampamento Maria Rosa do Contestado, de Castro (PR), reuniram parentes, amigos, amigas e apoiadores para comemorar mais um ano de transformação da terra e da vida, neste domingo (29). A festa de aniversário teve a partilha de um almoço com churrasco, além do bolo, e também de um bolo feito pelo Coletivo de Mulheres - tudo oferecido gratuitamente pela comunidade às pessoas presentes.

Dom Sérgio Arthur Braschi, bispo de Ponta Grossa, celebrou uma missa dedicada ao acampamento. “Vou continuar apoiando e presente nos momentos, sempre que for preciso [...]. É isso que eu quero desejar, trazer a minha oração, a minha luta, às vezes o meu sacrifício em alguns momentos, pra um dia termos essa vitória de termos essas famílias assentadas, com garantia, com futuro”, disse.


Bispo disse ser momento de renovar as forças / Foto: Valmir Fernandes/MST-PR

Conquista do CAD-Pro

O acampamento é formado por cerca de 100 famílias, que desde março de 2020 receberam certificação agroecológica para 100% da produção. A principal conquista celebrada neste ano é o Cadastro de Produtor Rural (CAD-Pro) para cerca de 80% das famílias.

Eloir Barbosa e a esposa, Elzerina Pereira Sebastião, vivem na comunidade há cinco anos e produzem uma diversidade de alimentos, entre feijão, mandioca, abóbora, hortaliças e legumes. Ele conta que antes de ter acesso ao CAD-Pro, precisava trabalhar na construção civil, como forma de complementar a renda familiar.

“Nós queremos conseguir viver daqui de dentro, pra não precisar trabalhar fora. Até sair o bloco de nota, ficava mais difícil pra vender. Mas agora, toda a nossa produção, que é orgânica, tem um reconhecimento bem melhor. Antes a gente tinha medo de chegar e oferecer. Hoje nós temos como oferecer, apresentar o bloco de nota e comprovar que é orgânico”, explica.

A garantia do CAD-Pro a produtores acampados responde a uma reivindicação antiga das famílias camponesas acampadas, e também a uma nota técnica emitida pelo Ministério Público do Paraná, em 14 de março deste ano. O órgão orienta que as prefeituras incluam no CAD-Pro famílias acampadas, que vivem em pré-assentamentos, posseiros e filhos de assentados. Com a medida, os produtores acampados têm suas atividades agropecuárias reconhecidas, passam a ter o direito de vender formalmente os alimentos que produzem e a pagar tributos ao município.


Festa de aniversário teve a partilha de almoço com churrasco e bolo / Foto: Valmir Fernandes/MST-PR

Edição: Lia Bianchini