Rio Grande do Sul

Fotografia

Jovens artistas valorizam genealogia matriarcal em fotografia e têxteis

Exposição "Afeto Presente" inaugura nesta quarta-feira (9) na Galeria Ecarta, em Porto Alegre

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Foto das artistas e curadora: Mitti Mendonça, Ursula Jahn e Mel Ferrari. Exposição fica disponível na Galeria Ecarta até o dia 11 - Reprodução

A Galeria Ecarta apresenta o trabalho de duas jovens artistas na exposição "Afeto Presente", que inaugura nesta quarta-feira (9). Mitti Mendonça e Ursula Jahn reconstroem sua ancestralidade pelo viés matriarcal como caminho para sobrevivência afetiva. Expressam, em 21 obras em bordado e fotografia, as mulheres de suas famílias a partir de sua pesquisa documental e oral. A mostra tem a curadoria da historiadora da arte, Mel Ferrari e estará aberta à visitação na Galeria Ecarta.

A exposição "Afeto Presente" ficará disponível do dia 9 até o dia 11 de julho, sendo possível fazer a visitação de terça a domingo, das 10 às 18 horas. A Galeria Ecarta fica na Avenida João Pessoa, 943 (Porto Alegre). A Galeria afirma ainda que todos os protocolos sanitários estarão sendo seguidos.

Exposição destaca trajetória das matriarcas

A exposição dedica uma sala para cada artista. “São biografias únicas, assim, são duas exposições individuais dentro de uma mesma mostra”, conta a curadora que se dedica a temática de artistas mulheres. “Queria algo sobre histórias de família e sabia que elas tinham uma produção neste tema”, conta Mel Ferrari, que integra o grupo de pesquisa “Mulheres nos Acervos”, sobre a presença de mulheres nas coleções públicas de artes visuais em Porto Alegre. 

Fazendo interferências nos retratos de seus familiares, a artista têxtil e ilustradora Mitti Mendonça apresenta 10 obras com costura e bordado, técnicas que aprendeu com suas tias. Utiliza uma experiência coletiva herdada para subverter o uso cotidiano dos materiais, linhas e tecidos, mesclando-os com o desenho e fazendo uma releitura das fotografias de família. A construção dos retratos revela referências de matriz africana, presentes em toda sua produção.

A fotógrafa e artista visual Ursula Jahn mostra em 10 imagens e um vídeo uma narrativa ficcional que mistura relatos de familiares com seu inconsciente imagético para ressignificar seu sobrenome materno. Busca, com sua mãe e irmã, resgatar a história das mulheres de sua linhagem, como resistência afetiva sob o peso da estrutura patriarcal. Graduada em fotografia pela Unisinos, nascida em São Sebastião do Caí, reside em Montenegro, onde desenvolve seu trabalho explorando questões como o lugar da mulher na sociedade, a percepção do corpo e a autoimagem.

“Essa forma de representação da figura feminina é antagônica aos cânones da história da arte, reafirmando uma contra narrativa que, ao mesmo tempo em que cultiva a memória, transborda o espaço privado para alçar outras dimensões públicas”, analisa a produtora cultural. Mel Ferrari atuou como curadora de exposições no Margs, Macrs, Instituto de Artes Visuais do RS, Instituto de Artes da Ufrgs e Pinacotecas da Prefeitura de Porto Alegre.


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Edição: Marcelo Ferreira