Cultura

Programa Bem Viver celebra o mês do livro e aponta retrocessos do Brasil na cultura

A edição desta terça (27) endossa as comemorações relembrando os 50 anos do clássico Veias Abertas da América Latina

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Leitura amplia horizontes e apresenta a diversidade, diz autora - Agência Brasil
A leitura amplia horizontes, melhora os indivíduos nas suas relações com os outros

Para a escritora multipremiada Marina Colasanti estamos vivendo retrocessos sem precedentes no campo da cultura no governo do presidente Jair Bolsonaro, ao qual ela classificou como “desgoverno”.

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“A cultura não tem nenhuma importância para um presidente que nunca leu um livro”, disse em participação especial no Programa Bem Viver desta terça-feira (27), que endossou as comemorações deste Mês da Leitura, celebrado em abril.

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“Esse governo é um desgoverno. Estamos retrocedendo em todos os campos e na cultura também. Quem é o ministro da Cultura? Quem é o secretário de Cultura?”, questionou.

“Bolsonaro nunca foi ao cinema, ao teatro, não temos a imagem dele inaugurando uma exposição. Ele só vai a quarteis militares, a comemorações dos militares e das polícias. Assim, por exemplo, ele afasta as pessoas da cultura”, salientou. 

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Marina Colasanti nasceu, em 1937, na cidade de Asmara, capital Eritreia, país africano banhado pelo Rio Vermelho. Antes de chegar ao Brasil, passou pela Líbia e Itália. Sua primeira obra, "Eu Sozinha", foi publicada em 1968. Daí em diante foram ao menos 70 livros adultos e infanto-juvenis e dezenas de prêmios de literatura.

Suas obras se diversificam entre contos, ensaios e poesias. Seu último título, "A Mais Longa Vida", publicado no ano passado pela editora Record, celebrou os 83 anos da autora.  

“A leitura amplia horizontes, melhora os indivíduos nas suas relações com os outros e apresenta a diversidade. É uma viagem no tempo e no espaço, porque lendo um romance escrito há séculos a gente viaja na História e ela é necessária para entender o presente”, disse.

Mês da leitura

Abril se tornou o mês da leitura por reunir diversas datas importantes sobre o tema, entre elas o dia 2, Dia Internacional do Livro Infantil, dia 18 quando se celebra o Dia Nacional do Livro Infantil e, por fim, dia 23 no qual é comemorado o Dia Mundial do Livro.

Outros acontecimentos marcantes fortalecem abril como o mês da leitura, como o lançamento, há 50 anos, do livro Veias Abertas da América Latina, clássico absoluto do escritor uruguaio Eduardo Galeano, que faleceu também em abril, no ano de 2015.  

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“Galeano rompeu qualquer fronteira de estilo, numa prosa poética e coloquial com uma profunda pesquisa histórica. É uma obra essencial não só para entender América Latina, mas o mundo”, disse o escritor Erick Nepomuceno, que é tradutor de Eduardo Galeano para o português.

O livro é tido como um manual para compreender a realidade dos países que compõem essa região e têm se mostrado sempre atual. Isso porque Galeano descreveu como o processo de colonização europeia, somado à influência estadunidense na região, moldaram a realidade da América Latina.

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A obra foi traduzida para mais de 20 idiomas e foi considerada um best-seller, ou um sucesso de vendas, em mais de uma ocasião. Além de Veias Abertas da América Latina, o autor publicou outras 33 obras publicadas, que muito contribuíram para entender as dinâmicas do mundo em que vivemos.

“Ele tem um estilo fundamental, entra pela porta do jornalismo, mas no caminho utiliza recursos literários. Combinando o tema com o estilo falou de algo que o público precisava conhecer”, disse o escritor e jornalista Roberto Lopes Belhoso. “Ele era absolutamente fiel ao que acreditava, não somente às causas das manchetes, mas às causas silenciadas, às causas dos ‘ninguém’ como ele dizia”, afirma. 


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Daniel Lamir