Ceará

Privatização

No Ceará, campanha defende empresas públicas de geração de energia elétrica

Campanha denuncia os prejuízos que a privatização da Eletrobras pode causar ao país.

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE) |
Nos últimos três anos, a Eletrobras gerou lucro de R$30 bi, movimentando o setor de produção do país. - Foto: Saulo Cruz/MME

No dia 18 de março, foi lançada nacionalmente a campanha “Salve a Energia Pelo Futuro do Brasil”, com o objetivo de barrar a privatização da Eletrobras, regulamentada pela MP 1031/21, também chamada de “MP do Apagão”. No Ceará, o Sindicato dos Eletricitários do Ceará (Sindeletro) está promovendo ações de conscientização para a população entender a dimensão da importância da Eletrobras para a sociedade brasileira.

Histórico de lucro

O sistema de Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) teve sua proposta de criação ainda no governo de Getúlio Vargas, em 1954. Em abril de 1961, Jânio Quadros assinou uma lei que determinou à União a criação da Eletrobras. Desde então, a atribuição da empresa se voltou para a elaboração de projetos de geração de energia elétrica, expandindo a oferta e auxiliando no desenvolvimento do país. A Eletrobras controla a maior parte dos sistemas de geração de energia regionais por meio de suas subsidiárias como a Eletronorte e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), responsável pela geração de eletricidade para o Ceará e toda a região Nordeste.

Nos últimos três anos, a Eletrobras gerou lucro de R$ 30 bi, movimentando o setor de produção do país em diversas áreas como telecomunicações, transporte, têxtil e alimentício. Só em 2020, foram mais de R$6,4 bi em lucros líquidos, de acordo com dados divulgados no dia 15 de março, em boletim produzido pela Associação de Engenheiros e Técnicos da Eletrobras (AESEL). 

Ao longo de 20 anos, a empresa distribuiu para a União R$ 20 bi em dividendos, sendo uma das estatais mais lucrativas e de baixo custo de manutenção do país.

Precarização

A capitalização da Eletrobras tem sido a causa de mobilização para que a empresa seja mantida como estatal. “Estamos perdendo nossos trabalhadores. A Empresa não faz mais concurso público para entrada de corpo técnico, mas faz demissões voluntárias. A capitalização significa exatamente isso, enxugamento da folha de pagamento e sucateamento”, diz Luciana da Fonseca Crisóstomo, diretora de saúde e segurança do trabalhador no Sindeletro. Ela diz ainda que a privatização da Eletrobras pode elevar muito o valor da conta de energia elétrica. “Se você vende uma empresa que tem os preços regulados para o mercado privado, que só pensa necessariamente em lucro, isso significa colocar o máximo que se pode pagar por aquele bem de serviço, no caso, a energia elétrica.”

Ações de Defesa

Além da campanha nacional, o Sindeletro está preparando uma série de ações de conscientização para alertar a população sobre os danos que a privatização da Eletrobras pode trazer a população brasileira, além de cobrar de representantes do legislativo uma posição de defesa da empresa. “Fizemos um spot de rádio que está circulando pelas rádios de Fortaleza e de outras cidades do estado, e vamos fazer também um outdoor”, conta Luciana. Nacionalmente, a campanha está promovendo lives com especialistas em economia, engenheiros e outros profissionais. Há também uma consulta pública aberta em andamento no senado na qual a sociedade pode se manifestar contra a privatização da Eletrobras. O link para a consulta pública está disponível aqui.

Edição: Francisco Barbosa