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Covid-19

Covid-19: O que dizem as pessoas que tiveram a doença e conseguiram se recuperar?

Entre a ausência de sintomas e sequelas, a dinâmica da doença ainda é um mistério.

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte |
O procedimento de atendimento padrão para os casos de covid-19 é manter o isolamento domiciliar por no mínimo 14 dias. - Foto: Reprodução/Prefeitura de Penedo

Atualmente, o Brasil é um dos países com o maior índice de contaminações por covid-19 no mundo. Já são mais de 10 milhões de pessoas que desenvolveram a doença em algum nível entre casos mais graves e assintomáticos. Essa semana, o país ultrapassou a marca de 250 mil pessoas mortas pela doença. Outro número que se destaca nas estatísticas são os de recuperados. Até o momento, o país conta com mais de 9 milhões de pessoas que se recuperaram da doença desde o início da pandemia, em março do ano passado.

Entre a não presença de sintomas aos casos mais graves que deixaram sequelas nos dias pós-recuperação, um estudo publicado em junho do ano passado, na revista científica “Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)”, assinado pela pesquisadora brasileira, Marília Nepomuceno, do Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, sediado na Alemanha, revela que ainda serão necessários anos para que a ciência possa compreender melhor a dinâmica dos riscos da covid-19.

O Brasil de Fato Ceará entrevistou algumas pessoas que conseguiram se recuperar da covid-19 no estado para saber delas como foi a convivência com a doença que tirou a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo.

Avassaladora

É com esse adjetivo que o servidor público, José Roberto, define a covid-19. Ele foi infectado em junho de 2020, quando a cidade onde mora, Juazeiro do Norte, estava passando pelo período de pico de novos casos e aumento de mortes. O servidor público conta que todos os testes que fez, incluindo o teste molecular RT-PCR, considerado de alta credibilidade para detectar a presença do novo coronavírus no organismo deram falsos negativos. O diagnóstico veio após um exame de imagem que identificou um comprometimento de 50% da função pulmonar. “Eu já imaginava que a covid era grave, mas não sabia que seria tão avassaladora. As minhas funções cognitivas foram afetadas, além da física e muscular. É semelhante a uma infecção generalizada. Tive e ainda tenho problemas por todo o meu corpo”, relata José Roberto.

Essa condição clínica de longa duração relacionada após a passagem da covid-19 pelo corpo humano se chama “PASC”, sigla inglesa que, em livre tradução, quer dizer “Sequelas Agudas Pós Covid”. Assim como José Roberto, muitos pacientes da doença têm relatado a PASC com quadros que variam na forma sintomática, indo de fadiga extrema a problemas gastrointestinais, pulmonares e psicológicos. “Ainda faço terapia porque tive danos psicológicos severos dentro desse processo de sequelas que tive por causa da doença”, diz José Roberto.

Dúvidas

A jornalista fortalezense, Lérida Caetano, sentiu em março de 2020, sintomas do que ela achou ser uma virose mais forte do que as comuns. Com dores no corpo e as demais condições físicas próprias de uma doença viral. Ela seguiu sendo medicada com acompanhamento médico. Em maio do mesmo ano, a jornalista fez um exame sorológico do tipo imunoensaio enzimático (ELISA), que revela a presença de IgA e IgG, a presença de anticorpos virais de Sars-cov-2 no corpo, indicando se a pessoa já teve contato com a doença. Para a surpresa da jornalista, o exame deu positivo, e o que ela achou ser uma virose, na verdade era covid-19. “O sintoma mais complicado para mim foi a dor no corpo que, de fato, foi bem forte, como nunca senti em nenhuma outra virose pela qual passei na vida”, comenta Lérida, dizendo que, apesar disso, não teve maiores complicações após ter sido acometida com a doença. “Como é uma doença que ninguém conhece, não sabemos de fato como é pós a doença, então eu fico sempre alerta. Me sinto grata por ter sido curada, mas é como se essa cura fosse pequena diante do medo de ser infectada novamente”, explica a jornalista.

Cotidiano

O professor, Cláudio Luan Freire, foi acometido pelo coronavírus junto com sua esposa, filha e sogro, de 82 anos de idade, que tem hipertensão, bronquite e Alzheimer. Toda a casa passou pela doença sem complicações maiores e sequelas. “A maior complicação foi com meu sogro, pois, devido à idade, ficou bastante debilitado, sem querer se alimentar, porém não precisou ser internado, em casa mesmo conseguimos reverter o quadro e todos receberem alta conforme o previsto”, conta Cláudio Luan. Ele diz ainda que a família ficou em isolamento conforme as recomendações dos médicos do Posto de Saúde da Família que atende no bairro onde mora, na cidade de Crato. “Minha esposa foi a primeira a apresentar os sintomas e logo fomos procurar o atendimento médico no PSF, onde a médica pediu exames e já pediu o isolamento dela”, completa.

O procedimento de atendimento padrão para os casos de covid-19 é manter o isolamento domiciliar por no mínimo 14 dias. Se os sintomas apresentarem piora, as unidades sentinelas devem ser procuradas para que os procedimentos médicos sejam seguidos conforme cada caso clínico apresentado.

Edição: Francisco Barbosa