Ceará

Eleições 2020

“Mandata” coletiva e mais indígenas eleitos são novidades no legislativo cearense

Quatro indígenas foram eleitos no Ceará e Fortaleza elegeu “Nossa Cara”, primeira candidatura coletiva, com 9.824 votos.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
A “Nossa Cara” (Psol) que concorreu a uma vaga para a Câmara Municipal de Fortaleza foi eleita com 9.824 votos. - Foto: Redes Sociais

A corrida eleitoral deste ano trouxe algumas novidades no nosso estado como, por exemplo, a eleição de quatro indígenas candidatos a vereadores, sendo dois em Monsenhor Tabosa, um em Caucaia e um em Aratuba. Outra novidade foi a eleição da primeira candidatura coletiva em Fortaleza, a “Nossa Cara” (Psol), que conseguiu um total de 9.824 votos.

Este ano, mesmo com a crise causada pela pandemia do coronavírus, as eleições municipais foram realizadas seguindo os protocolos de segurança. Foi definido, por exemplo, um horário preferencial para eleitores acima de 60 anos votarem. A iniciativa teve como objetivo evitar aglomerações entre o público que compõe um dos grupos de risco da covid-19. Outra forma de prevenção ao coronavírus adotada nas eleições deste ano foi a não obrigatoriedade do uso da biometria. Além desses cuidados, este ano também foi preciso que os candidatos tomassem outros meios para fazer política para também evitar aglomerações.

O Brasil de Fato CE listou algumas dessas novidades e mudanças nas eleições 2020. Confira.


As eleições municipais foram realizadas seguindo os protocolos de segurança e prevenção à covid-19. / Foto: Prefeitura de Piên

Biometria x Pandemia

Entre os dias 11 e 29 de novembro de 2019, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) organizou um mutirão para atender eleitores que ainda não tinham realizados o cadastro biométrico. A ação aconteceu no Centro de Eventos e mobilizou milhares de eleitores de domingo a domingo. Naquele momento, 582.696 eleitores da capital cearense ainda não tinham realizado o cadastramento biométrico, e o TRE-CE informou que o procedimento era obrigatório para as eleições de 2020 e quem não comparecesse aos postos de atendimento não poderia votar.

O que ninguém poderia imaginar era que em 2020 o mundo seria acometido pela pandemia causada pelo covonavírus, o que mudou a rotina das pessoas.
A nova realidade trazida pela pandemia também mexeu com as eleições 2020 que teve sua data alterada. Seguindo as normas de cuidados contra a covid-19, o uso de biometria foi descartado para as eleições deste ano. Aqui em Fortaleza, a ação de cadastramento biométrico gerou grande mobilização entre os eleitores e do próprio TRE-CE para, no fim das contas, não poder ser usada, o que gerou, inclusive, memes e piadas na internet.

Primeira candidatura coletiva eleita

Este ano também abrigou a primeira eleição de uma candidatura coletiva. A “Nossa Cara” (Psol) que concorreu a uma vaga para a Câmara Municipal de Fortaleza, foi eleita com 9.824 votos. A candidatura é formada por Lila M. Salu, estudante de Humanidades na UNILAB (Universidade de Lusofonia Afro Brasileira) e educadora social; Adriana Gerônimo Vieira Silva, assistente social, co-fundadora da FavelAfro, cooperativa de mulheres periféricas da Comunidade do Lagamar e Louise Anne de Santana, professora e estudante de Direito na UFC.

Segundo informações sobre a candidatura em seu site, as candidatas informam que Adriana Gerônimo será a representante que ocupará a vaga oficial, contudo todas serão co-vereadoras na mandata. Portanto, todas as proposições, decisões e ações serão feitas coletivamente.


Entre os militares, este ano se inscreveram na corrida eleitoral 155 policiais militares, 29 militares reformados e 15 bombeiros militares. / Foto: SSPDS-CE

Pastores e militares

Matéria divulgada em setembro deste ano no Jornal O Povo, informa que, de acordo com o portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Ceará, entre os candidatos que disputaram as eleições deste ano, três categorias se destacaram por trazerem já no nome de urna a profissão do candidato. Ao todo, segundo as informações, pelo menos 100 pastores, 200 militares e mais de 500 professores disputaram cargos em prefeituras e câmaras municipais.

Para este ano, se inscreveram na corrida eleitoral 155 policiais militares, 29 militares reformados e 15 bombeiros militares. Desses, 147 já destacam as patentes das corporações já no nome de urna, sendo: 3 soldados, 20 cabos, 66 sargentos, 15 subtenentes, 14 tenentes, 14 capitães, 8 majores e 7 coronéis. As informações também mostram que os partidos com maior número de candidatos militares são o PL, com vinte e dois; seguido pelo Pros, com dezessete, sigla que tem como candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner. O PDT também tem a sua parcela de candidatos militares. De acordo com a notícia, a sigla possui 14 candidatos. Já o PSL aparece com 11.

A mesma matéria informa destaca o grupo de religiosos, que são principalmente evangélicos neopentecostais. Ao todo são 90 candidatos que trouxeram em seus nomes de urnas o título de "pastor". Além desses a corrida eleitoral 2020 também contou com oito "missionários" e dois "apóstolos". A Igreja Católica também tem seus representantes. Ao todo foram cinco padres na disputa eleitoral.


Weibe Tabeba (PT), indígena Tapeba, eleito no município de Caucaia. Além dele, outros três foram eleitos em todo o Ceará. / Foto: Divulgação

Indígenas eleitos

De acordo com levantamento feito e divulgado pelo campanhaindígena.org, o Ceará totalizou 45 candidaturas indígenas nas eleições deste ano. Desses, quatro indígenas foram eleitos a vereadores. Foram eles: Valdemar dos Lajedos (PDT), indígena Tubiba-Tapuya, eleito no município de Monsenhor Tabosa; Vicentinho (PDT), indígena Potyguara, eleito também em Monsenhor Tabosa; Weibe Tabeba (PT), indígena Tapeba, eleito no município de Caucaia e; Elky Barrosa (DEM), indígena Kanindé, eleita na cidade de Aratuba.

O campanhaindígena.org também informa que este ano 2.177 indígenas concorreram às eleições municipais em todo o Brasil.

Edição: Monyse Ravena