Paraná

Covid-19

“A nossa curva só aumenta”, diz enfermeira do Hospital de Clínicas de Curitiba

Gráficos mostram que cidade nunca teve diminuição ou estabilidade de casos desde o início da pandemia

Curitiba (PR) |
Só nesta terça (1), Curitiba registrou 1.302 novos casos de Covid-19 - Reprodução

“A gente não teve aquela diminuição que pudesse caracterizar que saiu da primeira onda, que estabilizou [o número de casos de Covid-19]. Pelo contrário, a nossa curva só aumenta”. Quem diz isso é Juliana Mittelbach, enfermeira do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ela foi uma das entrevistadas do programa BdF Onze e Meia, na segunda (30).

A fala da enfermeira é baseada em gráficos com dados da Secretaria Municipal de Saúde, que mostram o total acumulado de casos até o dia 16 de novembro. Até então, a cidade acumulava 77.506 casos.


Gráfico mostra curva crescente em Curitiba desde março / Reprodução

De lá pra cá, já são 80.062 casos confirmados na capital paranaense desde o início da pandemia, segundo dados atualizados. Só nesta terça (1), Curitiba registrou 1.302 novos casos de Covid-19 e 13 óbitos. Oito desses óbitos ocorreram nas últimas 48 horas. A taxa de ocupação de leitos está em 91%.

No Paraná, a mesma situação de curva crescente se repete, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde, computados de 12 de março até 23 de novembro.


Mesma situação se repete no estado / Reprodução

Nesta terça (1), o governador Ratinho Júnior (PSD) assinou decreto de toque de recolher no estado. A medida entra em vigor nesta quarta (2) e tem validade de 15 dias, podendo ser prorrogado. O período do toque de recolher é das 23h às 5h. Essa é a primeira vez, desde o início da pandemia, que o Governo do Paraná anuncia tal medida.

Na avaliação de Mittelbach, “faltou um plano nacional de enfrentamento à Covid-19”. Ela lembra que a cidade de Curitiba, por exemplo, já registrava, desde o início de novembro, aumento de casos confirmados, mas a prefeitura mascarou a gravidade da situação até passar o período eleitoral.

“A gente precisa sair da política negacionista e fazer com que os gestores públicos entendam que o enfrentamento é uma questão de ciência e não uma questão política. Não pode ficar escondendo dados, escondendo o que está acontecendo por uma estratégia que vai dar visibilidade melhor pra esse ou aquele gestor. A gente está lidando com uma situação de incompetência de condução da saúde pública”, afirma a enfermeira.

Edição: Lia Bianchini