Coluna

Agitação e Propaganda como ferramentas da luta popular

Imagem de perfil do Colunistaesd

Ouça o áudio:

Música, teatro, poesia, grafite. São inúmeras as expressões a partir das quais a Agitprop ganha forma - Guilherme Gandolfi
“Na luta de classes todas as armas são boas: pedras, noites, poemas” (Paulo Leminski)

A criatividade é uma arma fundamental para aqueles e aquelas que querem construir trabalho popular. Desenvolver formas inovadoras e originais de se transmitir uma ideia, abrir uma conversa, convidar o povo para se organizar é, sem dúvida, uma das melhores contribuições que os movimentos populares têm dado historicamente no mundo todo.

Continua após publicidade

Afinal, contra o bloqueio midiático e a criminalização da nossa luta, nós trazemos a alegria, a cultura e a originalidade para denunciar as injustiças e apresentar um novo horizonte possível.

Chamamos de Agitação e Propaganda esse conjunto de métodos e formas que podem ser utilizados como tática para agitar ideias, denunciar as contradições da sociedade, fomentar a indignação popular e politizar os trabalhadores e trabalhadoras. Essa expressão, também conhecida como Agitprop, foi criada pelos revolucionários russos para designar as diversas formas de fazer agitação de massas e ao mesmo tempo divulgar os projetos políticos da revolução.

A Agitação e Propaganda traz um conteúdo e método fundamentais para a batalha das ideias. Desde o processo de preparação, que pode envolver a comunidade na troca de experiências e na construção coletiva dos materiais, até a execução da ação, a nossa tarefa é elevarmos o nível de consciência dos trabalhadores e trabalhadoras, valorizar as expressões culturais que já fazem parte do dia a dia do povo e, de forma simples e pedagógica, estimular a reflexão crítica da realidade. Nossa tarefa é ligar a “parte” ao “todo”, isto é, fazer com que a partir dos problemas imediatos e cotidianos, a sociedade seja estimulada a compreender o sistema e suas engrenagens.

Na Campanha de Solidariedade Periferia Viva, a Agitprop tem sido utilizada para disputar a concepção de solidariedade em nosso país, denunciar o aumento absurdo dos preços dos alimentos, o descaso do governo com a pandemia e apresentar a organização popular como única saída possível para solucionar os problemas coletivos.

Quando atingimos a marca de 100 mil mortos pela covid-19, por exemplo, as ruas dos bairros Boqueirão e Jardim São Savério, comunidades assistidas pela Campanha de Solidariedade da Escola Nacional Paulo Freire, amanheceram com faixas denunciando a irresponsabilidade do governo Bolsonaro com os mais pobres. Já na Jornada Nacional Periferia Viva Contra a Fome, atletas de highline fizeram uma performance a 30 metros de altura para mostrar como o povo estava na corda bamba com o aumento do preço da comida.

::Lideranças debatem papel dos movimentos populares no pós-pandemia ::

Música, teatro, poesia, grafite. São inúmeras as expressões a partir das quais a Agitprop ganha forma. Mas, a comunicação também é uma importante ferramenta que se liga à Agitação e Propaganda na batalha das ideias.

Na Campanha de Solidariedade, o jornal comunitário Periferia Viva e a Rádio Zap também são instrumentos para dialogar com o povo e têm mostrado um grande potencial enquanto linhas de ação da campanha da Escola Nacional Paulo Freire. São iniciativas que ligam diretamente os movimentos populares à comunidade e ganham cada vez mais organicidade à medida que o povo vai se tornando protagonista na produção desses materiais. 

O desafio está lançado: como podemos impulsionar a Campanha através da Agitação e Propaganda? Vamos usar toda nossa criatividade e ousadia para construir novas produções, incentivar o povo a mostrar sua arte e juntos usarmos a cultura, a comunicação e toda nossa imaginação para defender a nossa solidariedade e manter a Periferia Viva!

 

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Rebeca Cavalcante