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Luizianne Lins (PT): "Nossa proposta, meta e foco é a universalização das creches"

A candidata do PT à prefeitura de Fortaleza está entre as melhores colocadas, podendo disputar o segundo turno

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Luizianne Lins já foi prefeita de Fortaleza por dois mandatos - Divulgação

Luizianne Lins (PT), iniciou sua militância no movimento estudantil e filiada ao PT desde 1989. Foi vereadora de Fortaleza entre 1996 e 2002, deputada estadual entre 2002 e 2004, quando foi eleita para prefeita durante dois mandatos, 2005 a 2012, atualmente, está no seu segundo mandato de deputada federal. Luizianne é jornalista formada pela Universidade Federal do Ceará, e professora do curso na mesma instituição.

Em recente pesquisa Ibope está na terceira posição contando com 24% das intenções de votos, empatada tecnicamente com Sarto (PDT) e Capitão Wagner (Pros), que tem 29% e 27% respectivamente.

O Brasil de Fato inaugura uma série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Fortaleza, a ordem foi definida pela colocação em pesquisas eleitorais. A candidata respondeu perguntas sobre emprego e renda, meio ambiente, segurança pública, educação e saúde. 

“Entre março e setembro de 2020, 74.742 pessoas solicitaram seguro-desemprego em Fortaleza. Para esses trabalhadores que perderam seus empregos durante a pandemia vamos promover o Programa Bolsa Fortaleza ofertando R$ 200 por seis meses até que a economia volte a dar sinais de recuperação. ”, afirmou a candidata sobre como uma saída para recuperação dos postos de trabalho em Fortaleza.

Luizianne declarou que uma das saídas para melhorar o sistema de saúde do município é a valorização dos profissionais, além de garantir uma rede maior de atendimento, “os principais problemas do ponto de vista da população é a falta de atendimento em postos de saúde, falta de medicamentos básicos, falta de especialidades e a demora para conseguir exames e cirurgias. ”, afirmou Luizianne.

Confira a entrevista na íntegra

Brasil de Fato: Fortaleza teve uma retração no emprego de 7,3% em um ano. Com a pandemia de coronavírus houve um acréscimo ainda maior no número de desempregados na capital. Como você enxerga a forma de recuperar esses postos de trabalho em Fortaleza?

Luizianne Lins: Entre março e setembro de 2020, 74.742 pessoas solicitaram seguro-desemprego em Fortaleza. Para esses trabalhadores que perderam seus empregos durante a pandemia vamos promover o Programa Bolsa Fortaleza ofertando R$ 200 por seis meses até que a economia volte a dar sinais de recuperação. Logo na transição elaboraremos um plano de reconstrução da economia baseado no apoio aos empreendimentos de bairros, facilitação de acesso ao crédito, isenção de alvarás para os micros e pequenos negócios, isenção tributária, articulação com bancos públicos e incentivo ao uso de moedas sociais, apoio aos polos calçadista e de confecções e foco nos setores vocacionais da cidade como comércio e serviços. 

Um dos interesses que vem crescendo entre os eleitores é pauta ambiental. Neste ano houve uma tentativa de destruir uma área verde localizada no bairro da Sabiaguaba, no local seria construído um empreendimento imobiliário. Após pressão popular o poder público retrocedeu na sua decisão, mas outras demandas ainda seguem pertinentes, como a preservação das dunas e dos parques, como o do Cocó. Como você pretende, caso eleita, mediar a preservação da natureza e o desenvolvimento em Fortaleza?

A Área de Preservação Ambiental e o Parque da Sabiaguaba foram criadas na minha gestão de prefeita em 2011. A APA possui 1.009,74 hectares e o parque que está dentro da APA possui 467,60 hectares. No Plano Diretor Participativo aprovado em 2009, a vertente ambiental foi fortalecida no sistema de planejamento urbano da cidade de Fortaleza. Não podemos perder essas conquistas. O papel da chefe do executivo municipal é articular, juntamente com o governo do Estado, a criação de um Mosaico de Áreas Protegidas no território de Fortaleza, envolvendo o Parque do Cocó (Estadual), Parque Adahil Barreto, APA da Sabiaguaba, Parque Municipal das Dunas de Sabiaguaba, ARIE Dunas do Cocó, APA do Estuário do Rio Ceará (Estadual) e Área de Relevante Interesse Ecológico do Sítio Curió (Estadual). O desenvolvimento econômico precisa ser equilibrado com a defesa do meio ambiente e a expansão da cidade deve seguir critérios e normas elaborados no Plano Diretor discutido de forma democrática e participativa. 

Os assassinatos de adolescentes em Fortaleza tiveram um aumento de 163% só no primeiro semestre de 2020, segundo o Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, além de aumento em mortes violentas, no geral. Um dos principais motivos da escalada da violência é a disputa entre as facções, que aliciam a juventude das periferias. Quais proposições sua candidatura tem para enfrentar a violência e o aliciamento da juventude em Fortaleza?

Apesar de não ser uma atribuição dos municípios a segurança pública merece destaque e a cidade de Fortaleza precisa ocupar seu papel diante de tantos homicídios de jovens. Inicialmente temos que mapear os territórios da violência e elaborar de imediato um Plano Municipal de Segurança Cidadã com participação da população, integrar políticas públicas de prevenção à violência, implantar o programa territórios da Paz, capacitando mulheres como mediadoras de conflito, ampliar a iluminação pública e monitorar os pontos de grandes fluxos de pessoas através de videomonitoramento. Construir mais três Cucas para a juventude, mais Praças da Juventude, ofertar crédito subsidiado ao empreendedorismo juvenil, qualificar para o primeiro emprego e ampliar o Bolsa Jovem voltado para regiões de alta vulnerabilidade. Além disso, fortalecer e apoiar os Conselhos Tutelares e estabelecer Termos de Cooperação com a Secretaria Nacional de Segurança Pública e com o Governo do Estado do Ceará para reduzir paulatinamente a violência e semear uma cultura de paz em Fortaleza. 

No início de 2020 a Justiça Estadual, a pedido do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente em parceria com o Ministério Público do Ceará (Cedeca-CE), determinou a ampliação das vagas em creches. No início de 2019, segundo levantamento do Cedeca-CE, mais de 5.000 crianças não conseguiram vagas em creches. Como conseguir zerar o déficit de vagas na educação infantil na capital?

Nossa proposta, meta e foco a ser perseguido é a universalização das creches como política de governo. Em 2005, ao chegar na prefeitura, encontrei 55 creches fechadas, fizemos 91 e conveniamos outras 48, deixamos 139 abertas em 2012. Como conseguir a universalização? Muito trabalho, recursos do FUNDEB, parceria com o governo estadual e estabelecimento de prioridades nas políticas relacionadas a primeira infância. Essa política permite que as mães possam se inserir no mercado de trabalho, contribuindo para sua emancipação econômica.

Durante a pandemia de covid-19 ficou claro a importância do Sistema Único de Saúde para a contenção da doença e o atendimento daqueles contaminados pela mesma. Uma das obrigações do município para com o SUS é a atenção primária, que é responsável pelos postos de saúde, programa de saúde da família, agentes comunitários de saúde, entre outras. Quais principais problemas você enxerga na gestão da saúde em Fortaleza e quais possíveis soluções você pode apresentar?

Em primeiro lugar quero me solidarizar com as vítimas e familiares da pandemia. Quero também elogiar os trabalhadores e trabalhadoras da saúde que arriscam a vida dia-a-dia no combate a essa doença. Vamos reconhecer e valorizar esses profissionais (maqueiros, motoristas, atendentes, enfermeiras, auxiliares, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, médicos e o pessoal da limpeza). Os principais problemas do ponto de vista da população é a falta de atendimento em postos de saúde, falta de medicamentos básicos, falta de especialidades e a demora para conseguir exames e cirurgias. Existe problemas de método com relação ao Hospital da Mulher e deficiência no PSF e na saúde bucal. Vamos abrir postos de saúde no horário noturno e em fins de semana, contratar mais profissionais da saúde, aumentar as especialidades, retomar o conceito do hospital da mulher e resgatar a prevenção e as visitas domiciliares, cuidando especialmente dos idosos, através da expansão do Programa de Saúde da Família. Ademais, vamos realizar mutirões para atender cirurgias e consultas represadas durante a pandemia e vamos garantir a imunização da população logo que surja a vacina do covid-19.
 

Edição: Monyse Ravena