Lula falou da necessidade de um pacto social que coloca os interesses populares à frente de tudo
No 7 de setembro comemorado agora eu quero destacar mais uma vez o papel da igreja, da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB) na organização e na realização de inúmeras e diferentes atividades no Brasil inteiro do Grito dos Excluídos.
O Grito dos Excluídos é a melhor forma de representar, no dia da independência do Brasil, o quanto ainda precisamos lutar. Lutar pelo direito das pessoas. Lutar pela nossa verdadeira independência, pela nossa verdadeira soberania e, principalmente, lutar pela inclusão social.
Mas no 7 de setembro creio que dois foram os pronunciamentos mais destacado: o de Jair Bolsonaro e o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Enquanto o Lula fez um pronunciamento extremamente denso, falando não apenas do passado e do presente, mas principalmente apontando rumos e caminhos para o futuro, Jair Bolsonaro passou mais uma vez um grande vexame em cadeia nacional.
Um pronunciamento de poucos minutos em que ele mais uma vez fez apologia à ditadura militar em vez de dirigir-se às pessoas, às milhares de vítimas da covid, parentes amigos de mortos pela covid, nenhuma palavra de solidariedade. Nenhuma palavra para acenar com mais tranquilidade à vida daqueles que estão perdendo seus empregos e perdendo a sua renda.
Jair Bolsonaro preferiu falar mais uma vez e fazer apologia, repito, à ditadura militar. Disse ele o seguinte: "Nos anos 1960, quando a sombra do comunismo nos ameaçou, milhões de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, foram às ruas contra um país tomado pela radicalização ideológica: greves, desordem social e corrupção generalizada".
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E tentou comparar aquele momento com o momento atual, que segundo ele, é contra isso que ele luta. Pois tenha santa paciência Bolsonaro. Em 1960 – e a história não apenas registrou, mas comprova – não foi contra o comunismo que os militares tomaram o poder na marra e promoveram um golpe.
O golpe militar veio exatamente para tentar conter a organização popular. Para aplicar um projeto político, econômico e social no Brasil vinculado aos norte-americanos, exatamente como Bolsonaro tenta fazer hoje. Ele usa desta analogia da década de 1960 para dizer qual é o seu papel e qual o seu real objetivo à frente do governo brasileiro.
Primeiro, fechar a democracia o máximo possível. Ele não fechou ainda totalmente a democracia, não fez um "auto-golpe" porque não teve o apoio suficiente, mas este é o grande sonho de Jair Bolsonaro.
Segundo, voltar a colocar o Brasil de joelhos perante os interesses dos norte-americanos.
Terceiro, voltar ao processo acelerado de exclusão social, ou seja, um projeto que em nada ajuda o Brasil, e tampouco o povo brasileiro.
Se vivemos uma crise hoje não será com essas propostas de Bolsonaro que superaremos a crise. Pelo contrário, ele vai destruir o Brasil e inclusive nossa capacidade de recuperação.
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Ele deveria olhar para quem mais precisa, gerar empregos, apoiar as micro e pequenas empresas, apoiar os trabalhadores desempregados, ampliar os recursos para as áreas sociais como saúde, educação, meio ambiente.
Mas não, ele faz exatamente o inverso. E ainda acelera o processo de privatização, como quer acelerar a tal reforma administrativa, que de reforma administrativa não tem nada. É um projeto de desmonte do Estado Nacional. É um projeto de destruição de um Estado que atende aos interesses das pessoas e isso não é possível em um país com tanta desigualdade social e regional como o nosso.
Portanto eu creio que o que deve nos marcar neste 7 de setembro é o conteúdo do pronunciamento do presidente Lula e a luta do Grito dos Excluídos. Diferente de Bolsonaro, Lula acenou para o futuro. Lula falou da necessidade de um pacto social que coloca os interesses populares à frente de tudo.
Os interesses da nação brasileira a frente de tudo. O momento é grave. As crises pelas quais passamos são graves. E exigem de nós muita unidade, mas muita luta e mobilização principalmente.
Edição: Rodrigo Chagas