Rio Grande do Sul

Coluna

A resistência do povo cubano preparou para a crise sanitária mundial

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No Brasil, os médicos cubanos trabalharam onde profissionais brasileiros se recusavam a ir atender a população - Araquém Alcântara
Cuba, mais uma vez, serve de referência para o que é possível para a sobrevivência coletiva

Em tempos de crise, quem somos é revelado. Isso é verdadeiro para pessoas e nações. O que a crise sanitária mundial expôs e não criou, é que vivemos em uma sociedade profundamente falha e desigual. O colapso de estruturas que mal se aguentam, revelou como eram inadequadas para começar. O fracasso de muitos Estados em prevenir, proteger e ajudar a conter uma doença conhecida há meses mostra como as preocupações com a perda de capital passaram a ter prioridade sobre a vida. E é esse enfoque capitalista que os governos estão perpetuando os mesmos danos e garantindo uma crise contínua para as comunidades mais devastadas pela pandemia.

Apesar do bloqueio econômico, financeiro, comercial e midiático que o governo estadunidense mantém contra Cuba há 60 anos, é notável como está pequena ilha rebelde continua a se defender e ao seu povo diante de crise após crise. Cuba vive uma crise perpétua desde que o bloqueio foi imposto. Estar preparado para crises, significa que o país é capaz de se organizar rapidamente, fazer um balanço das necessidades de sua sociedade e implementar as medidas que puderem para atendê-los.

A transparência e senso de responsabilidade mútua que permeia as coletivas de imprensa dadas por funcionários cubanos da saúde e do governo ao longo do dia reflete um valor mais profundo na sociedade cubana; este é um país que compreende o que significa e como é a luta coletiva crítica para a sobrevivência de todos. As pessoas compartilham tudo entre si: informações, alimentação, moradia, transporte. Compartilhar está introduzido na própria estrutura da sociedade e na essência do cubano. Como dizia Fidel, “nós não compartilhamos o que nos sobra, compartilhamos o que nos falta”.

Em Cuba a saúde é um direito humano e também garantido pela Constituição cubana. Apesar de ser um país pobre, a assistência à saúde é universal e gratuita para todos os cubanos e cubanas, incluindo procedimentos estéticos e opcionais.

A excelência do sistema de saúde cubano faz das Brigadas Médicas “Henry Reeve” serem solicitadas nos mais diversos países, onde se posicionam nas áreas que mais precisam. Pois, o direito à saúde não é garantido apenas aos cubanos, mas a política de saúde da ilha rebelde faz parte da política externa do país, pois não se partilha o que sobra, mas o que lhes falta.

Os sistemas que hoje estão entrando em colapso sob o peso da demanda humana nos mostram que eles nunca foram construídos para sustentar as necessidades reais de todos, mas apenas de alguns. Dois terços do orçamento nacional de Cuba vão para financiar as áreas de educação, saúde e seguridade social.

Cuba, mais uma vez, serve de referência para o que é possível, crítico mesmo, para a sobrevivência coletiva. Isso só ocorrerá quando as necessidades dos que mais necessitam para viverem uma vida digna. Essa é a maior lição que Cuba nos deixa, não podemos dar aos trabalhadores o que sobrou depois de termos dado às grandes corporações.

Apoie a ideia do Prêmio Nobel da Paz 2021 às Brigadas Médicas Henry Reeve, assine a petição e garanta o reconhecimento do trabalho solidário dos médicos e médicas cubanas pelo mundo.

 

Edição: Katia Marko