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Com crescente queda na economia, a resposta é privatizar e retirar direitos

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Paulo Guedes quer agilizar o processo de privatização das nossas empresas, entregando de mão beijada ao capital privado um patrimônio construído com muito sacrifício pelo povo brasileiro - Carolina Antunes / Agência Brasil
A maioria da população brasileira vive ou com a ajuda do governo ou com uma renda vinda de "bico"

Os dados sobre o desenvolvimento da economia brasileira, sobre os quais a expectativa era enorme, por fim foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a primeira conclusão que podemos chegar é que eles desmoralizam o presidente Jair Bolsonaro. 

Exatamente isso, o IBGE desmente textualmente o presidente Bolsonaro que, durante muito tempo disse - e até hoje insiste em repetir - que a economia brasileira vinha muito bem antes de chegar a pandemia do novo coronavírus. Ora, isso não é verdade.

De acordo com os dados do IBGE, neste segundo trimestre de 2020 a queda da nossa economia, ou seja, a queda nas riquezas produzidas pela produção e pelos serviços, foi de 9,7%. 

É claro que uma queda tão brusca deve-se, sem dúvida nenhuma, ao processo de isolamento social e à diminuição da produção em nosso país. Mas os dados relativos ao primeiro trimestre de 2020 mostram também uma queda na economia brasileira de 2,5%. 

Estes dados não têm ligação com a pandemia da Covid-19. Ou seja, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez tenta enganar a população brasileira se escondendo atrás dessa grave crise sanitária e mentindo, ao dizer que a economia ia bem. Não é verdade, pelo contrário, a queda foi significativa no primeiro trimestre deste ano e afetou gravemente a indústria, principalmente a de transformação.

A queda na indústria foi de 12,3% e no setor de transformação, ou seja, de produção efetiva de bens materiais, foi de 17,5%. Ou seja, nós vivemos um momento extremamente delicado porque ao lado do processo de desindustrialização que nós estamos sofrendo - que é um processo crescente - lamentavelmente, vivemos um outro criado e praticado por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. O de desregulamentação das relações de trabalho e de retirada de direitos trabalhistas. 

Estes importantes dados, também divulgados recentemente, mostram que uma quantidade enorme da população brasileira atravessa esse problema porque vive da ajuda de governo. Em alguns estados do Norte este número chega a 60% da população vivendo de benefícios governamentais. A média do Brasil é de 45% de pessoas que vivem com benefícios e não com o trabalho formal, com carteira assinada. Para além disso, os dados também mostram que a maioria da população brasileira vive ou com a ajuda do governo ou com uma renda oriunda de "bico", ou seja, é uma pequena minoria que têm carteira de trabalho assinada. 

Isso é muito grave porque mostra não apenas uma regressão no setor da industrialização, mas nos próprios direitos dos trabalhadores. Este é o resultado das reformas feitas desde Michel Temer, ou seja, a partir do golpe, que aliás completou 4 anos no último dia 31 de agosto. Um golpe contra a democracia, contra a presidenta Dilma e que serviu exatamente para isso, porque desde que Temer assumiu o poder - e que foi sucedido por Bolsonaro - todas as reformas que eles vêm aprovando são no sentido de destruir completamente a nação brasileira como a conhecemos: o nosso processo produtivo, os direitos trabalhistas, os direitos das pessoas.

Precisamos refletir e debater com a população brasileira que o problema Jair Bolsonaro vai além da ética. Aquele que, inacreditavelmente, se elegeu defendendo a bandeira da ética na política, é a pessoa mais falada hoje no Brasil e no mundo pelo seu envolvimento com corrupção. 

E para completar, Paulo Guedes quer agilizar o processo de privatização das nossas empresas, entregando de mão beijada ao capital privado um patrimônio construído com muito sacrifício pelo povo brasileiro. 

Aliás, por que mesmo que o Queiroz depositou os R$89 mil na conta de Michele Bolsonaro? 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho