Coluna

A solidariedade nos Cursinhos Populares da Podemos+

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Os desafios de nosso tempo são diversos, mas maiores são a força e a beleza de uma juventude que sonha e constrói um projeto popular para o Brasil com e pela educação. - Comunicação Podemos+
Sobreviver e sair da pandemia mais fortes são enormes atos políticos: a chave é a solidariedade

A campanha Periferia Viva surgiu no contexto da pandemia do coronavírus, mas a solidariedade é um valor permanente dos movimentos populares e está presente nas suas mais diversas iniciativas. Uma delas é a Rede de Cursinhos Populares Podemos+, que desde 2017 tem reunido e desenvolvido em todo o Brasil experiências de cursinhos gratuitos para preparar a juventude da periferia para o vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

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Com o isolamento social e a luta pelo adiamento do ENEM, a defesa da educação e do acesso à universidade para todos se tornou uma pauta ainda mais prioritária. Por isso, na coluna de hoje vamos falar da experiência do Cursinho Popular da Escola Nacional Paulo Freire, que com muita criatividade e disposição tem tornado a educação popular um dos eixos da nossa Campanha de Solidariedade!

A turma do Cursinho Popular Podemos+ da Escola Nacional Paulo Freire teve início em 2019, logo após o início das atividades da Escola. Baseada nos princípios e valores freirianos de educação popular, observamos no dia a dia da turma uma juventude que se desenvolve crítica e ativamente em torno da reflexão sobre sua realidade através de uma prática de educação que a instiga a pensar o mundo a partir de seu território.

Além da preparação para o ENEM e/ou vestibulares, aos poucos esses jovens passam a se colocar cada vez mais como sujeito histórico e político, capazes de transformar e enfrentar de forma coletiva os problemas de seu bairro, cidade e país. 

Com a pandemia, a turma passou a realizar as atividades de forma virtual no mês de maio, com jovens educandos oriundos das regiões próximas à Escola, que fica no bairro Ipiranga, em São Paulo. Um dos desafios iniciais para esse novo formato é o acesso à internet. De acordo com pesquisa de 2019 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no Brasil 4,8 milhões de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos não têm acesso à internet.

Para garantir que os educandos tivessem melhores condições para assistir às aulas, fizemos uma campanha coletiva de financiamento de pacotes de dados de internet e distribuímos aos que tinham mais demanda. Além disso, os educadores e coordenadores da turma realizaram distribuição de alimentos e de livros às famílias dos educandos.

Afinal, não basta oferecermos as aulas, é também necessário contribuirmos para que os jovens tenham condições mínimas de participar delas.

Desde então, as aulas do Cursinho são realizadas nas noites de segunda à quinta-feira. Às sextas ocorrem atividades especiais, como o Círculo de Leitura - em que educadores e educandos leem e discutem uma obra literária - e o Papo Reto, quando a turma debate um tema mais ligado aos desafios da conjuntura.

Quinzenalmente, também ocorrem aulas de inglês aos sábados. As aulas e debates são realizados por educadores voluntários, que estão na graduação ou já se formaram, e que de forma mensal se reúnem para estudar e avaliar o andamento da turma e do seu próprio trabalho.

A solidariedade construída nos cursinhos populares da Podemos+ é uma solidariedade de ação, vinculada à consciência da coletividade, do cuidado, do companheirismo, da resistência e combate às opressões e problemas do povo. Assim, a solidariedade combate o individualismo, tão presente nesta sociedade, e nos coloca lado a lado no enfrentamento das dificuldades e desafios da vida da juventude da classe trabalhadora.

Estudar é um ato político! 

Desta forma, como a luta é educativa, a dedicação ao estudo por parte da juventude da classe trabalhadora é também um ato político e de resistência. Os cursinhos populares no Brasil têm em sua história o comprometimento com a luta e a resistência do povo brasileiro. Permanecer com os estudos em um período tão difícil como este é em si uma das formas da juventude também resistir. No entanto, é preciso criar força social para atravessar esse momento e sairmos dele vivos e ainda mais fortes.

Por isso, além da aulas remotas, seguimos com as ações de solidariedade para levar alimentos, agasalhos e internet às famílias dos educandos e educandas; fortalecemos a campanha #AdiaENEM, por compreender que o calendário do ENEM precisa ser construído a partir do calendário letivo das escolas, que foi alterado; e participamos também da formação dos Agentes Populares de Saúde dos bairros Jardim São Savério e Boqueirão, compreendendo a importância do cuidado dos educandos e educadores com nosso povo, orientando e zelando pela saúde individual e coletiva da comunidade. Os desafios de nosso tempo são diversos, mas maiores são a força e a beleza de uma juventude que sonha e constrói um projeto popular para o Brasil com e pela educação. Com a solidariedade, Podemos mais!

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho