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Coronavírus

Prefeitura de Curitiba flexibiliza prevenção ao coronavírus com apenas 26 UTIs

Trabalhadores da saúde e comércio ficam à deriva no meio do "abre e fecha"

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Reabertura em Curitiba acontece com ocupação de mais de 90% das UTIS - Giorgia Prates

O pior já passou”, disse o prefeito Rafael Greca no ultimo fim de semana, ao anunciar a mudança da bandeira laranja para amarela, do protocolo sanitário. A mudança permite, através do novo decreto 1080/20, flexibilização do comércio, com liberação de bares e restaurantes, reabertura de academias de natação, parques, feiras, entre outros. Apesar da fala de que o “pior já passou”, na terça feira, 18, a lotação de UTIS era de 92,2%, com apenas 26 unidades disponíveis.  

O argumento da Prefeitura de Curitiba para anunciar mais uma vez a flexibilização das regras na prevenção ao coronavírus, foi que os índices de transmissibilidade, de casos e mortes, na ultima semana, diminuíram.  No dia 05 de agosto, a média móvel de mortes era de 20,4 e no dia 16, a média baixou para 13,9. Porém, o período de uma semana ainda é pouco para determinar que haja uma tendência de curva abaixando.  E, o outro fato bastante preocupante é a capacidade de receber novos doentes, com mais de 90% das UTIs SUS-Covid lotadas.  

Em entrevista para o Brasil de Fato Paraná, o presidente da Comissão de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor Emanuel Maltempi, destaca que a cidade vive um começo de estabilidade, contudo, não indica um bom momento para flexibilizar novamente as regras sanitárias. “Os números de casos e mortes são altos ainda. É precipitada a decisão de afirmar que o pior já passou. A lotação de UTIS pode subir mais ainda quando estamos em pleno inverno, o que traz mais outras doenças,” disse. “Casos europeus, mesmo com estabilidade, manteve rígido isolamento até que, de fato, os números começassem a baixar. É preciso mais que uma semana,” diz Emanuel.  

Comércio e saúde à deriva no meio do “abre e fecha”  

No programa “Quarta Sindical” realizado pela CUT Paraná e Brasil de Fato, no último dia 19, sobre a situação dos profissionais do comércio e da saúde frente às mudanças e decretos dos governos, a opinião foi unânime: O “abre e fecha” não inclui, na decisão, os trabalhadores que estão no dia a dia da cidade. Participaram do debate a presidenta do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde de Curitiba (SINDESC), Isabel Cristina Gonçalves e o presidente do Sindicato dos Comerciários de Pato Branco, João Carneiro.

Para João Carneiro, o principal problema está na falta de diálogo do Poder Público com o trabalhador do comércio que fica à deriva neste vai e vem de decretos. “Não somos convidados a participar destas decisões. O que os governantes levam em conta é a opinião dos empresários, ainda mais em tempo de eleição. E, este empresário, em raríssimas exceções, vai garantir boas condições de trabalho com Epis, alternância de horários, não aglomeração de clientes, etc.. Os trabalhadores ficam sabendo pela mídia quando devem voltar, quando fecha. Isso, além de trazer instabilidade, é uma falta de respeito.” critica. João ainda destaca que se houvesse desde o início o cumprimento de medidas mais rígidas, “hoje, o comércio poderia estar funcionando de forma a dar mais estabilidade a estes trabalhadores.”   

Para Isabel, os trabalhadores da saúde também ficam a mercê das decisões. “Não há um aviso antecipado quando se flexibilizam as regras. E, deveria ter para que possamos nos preparar, pois com reaberturas é inevitável que mais pessoas venham ate a unidade de saúde,” explica.    

Edição: Gabriel Carriconde