Ceará

Pandemia

Na periferia de Fortaleza, bairro de Messejana já tem mais de 1000 casos de covid-19

O bairro está entre os três mais impactados pelo coronavírus e entre os que registra maior número de novos casos

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
O avanço do coronavírus no Bairro de Messejana aconteceu tardiamente - Prefeitura de Fortaleza

Mesmo com a queda na transmissão da covid-19 em Fortaleza, alguns bairros apresentam números mais elevados de contaminação da doença. Além do Meireles e da Aldeota, locais em que a pandemia se iniciou e que ainda mantém os maiores números de novos casos confirmados na capital cearense, Messejana, figura entre os três bairros com maior número de casos confirmados e entre os maiores números de novos casos em Fortaleza. Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, Messejana já passou de 1000 casos confirmados e 65 óbitos, em Fortaleza são 36.099 casos e 3.483 mortes em decorrência do coronavírus.

Segundo o professor, epidemiologista e consultor do Comitê Científico do Consórcio Nordeste Antônio Silva Lima Neto, é importante compreender a dinâmica de transmissão da pandemia em Fortaleza, “tivemos a primeira fase da epidemia muito concentrada nos bairros de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Aldeota, Meirelles, Mucuripe, essa onda se expandiu para leste, Vicente Pinzon e Cais do porto, áreas de menor IDH e condições de habitação mais precárias, e depois avançou para oeste pegando a Barra do Ceará e o Grande Pirambu”. 

Ainda de acordo com Antônio Lima, o centro e os bairros que compõe a regional VI, como Sabiaguaba, Cidade dos Funcionários e Messejana, tiveram um baixo índice de contaminação nas duas primeiras ondas da pandemia. “O que se observa hoje é que os bairros menos afetados nas fases iniciais estão sendo mais afetados agora, um crescimento tardio, mas que não vem acompanhado do número de mortes tão grande como foram em outros bairros da cidade”, afirmou Antônio Lima.

Júlia de Sousa Cordeiro, moradora de Messejana, diz que é muito difícil para as pessoas do bairro fazerem o isolamento social pleno, “aqui se tem muito o costume de um ir para a casa do outro, ficar sentado na calçada. No começo da quarentena eu percebi que realmente existiu um isolamento, as pessoas estavam mais assustadas, mas as pessoas pararam de ficar assustadas, hoje eu já percebo um grande aumento de pessoas na rua, nas calçadas”, afirmou. Júlia Cordeiro teve parte de sua família atingida pela covid-19 ainda nos primeiros meses de pandemia, o pai foi contaminado, posteriormente ela e a mãe também apresentaram os sintomas. 

Os avós de Júlia, que moram em uma casa vizinha e que precisavam ser constantemente amparados pelos familiares, também foram contaminados pelo coronavírus, tendo seu avô complicações devido a idade e por ser portador de Alzheimer. Depois de 14 dias internado com coronavírus, o avô faleceu devido a complicação da doença, “além do óbito que já é muito difícil, tem a questão do luto e do velório que não pôde ser feito, nós não podemos dar esse momento para meu avô”, declarou. Para Antônio Silva os bairros que tiveram uma fase de avanço da doença tardio devem ter um número de mortes menor, “ hoje temos uma melhor situação assistencial, nós temos uma capacidade muito maior de responder, de garantir, por exemplo, leitos de Unidade de Tratamento Intensivo se for necessário, diferentemente do início da pandemia”. 
 

Edição: Monyse Ravena