Ceará

Pandemia

Na periferia de Fortaleza, bairro da Bela Vista recebe ações de solidariedade

Demanda de pessoas com dificuldades em acessar o Auxílio Emergencial deram o início à campanha

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
O movimento tem feito acompanhamento com as famílias assistidas - Div MTD

Na capital cearense, a realidade de pessoas com dificuldades em acessar o Auxílio Emergencial e outros direitos fizeram com que o Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD) começasse a atuar junto a famílias em situação de vulnerabilidade social no bairro da Bela Vista. As ações, que compõe a campanha nacional “Periferia Viva”, começaram no início do período de distanciamento social, e também distribuíram cestas básicas, produtos de limpeza, higiene e máscaras de proteção individual. Na região, há também campanhas de solidariedade feitas pela Igreja Católica, através da Paróquia São Francisco.

Segundo Bruna Raquel, militante do MTD no bairro Bela Vista, muitas pessoas perguntavam como deveriam realizar o cadastro no Auxílio Emergencial, foi então que criaram um grupo em um aplicativo de troca de mensagens para ajudar à população. Atualmente, o grupo conta com mais de 140 pessoas da comunidade. “ Havia muita necessidade de ajuda para as pessoas se cadastrarem no Auxílio Emergencial, então fizemos um grupo para dar orientações jurídicas. Desde então, temos feito visitas às famílias para identificar suas necessidades para enfrentar o momento da pandemia, facilitando o acesso aos direitos, como o direito à saúde”, relata Bruna. Outra ação realizada pelo MTD na Bela Vista foi a colocação de caixas de arrecadação de alimentos não perecíveis em prédios e pequenos comércios. Ao fim, segundo Bruna Raquel, muitos comerciantes doaram alimentos. “A ideia é quem pudesse doar, doasse para aqueles que tinham quase nada”, ressalta.

Maria das Graças, moradora da Bela Vista, trabalhava como autônoma vendendo espetinhos perto de casa, e é uma das pessoas acompanhadas pela campanha de solidariedade. “Ninguém pode trabalhar, temos que ficar dentro de casa, nós estamos aqui na luta. Eu espero que quando acabar essa pandemia a gente tenha nossos direitos, que possamos voltar a trabalhar e sobreviver. Tem muita gente nessa situação”, declara. Maria das Graças também recebeu cestas básicas e produtos de higiene.

Para o missionário redentorista e psicólogo Padre Thyers, muitas pessoas que se encontram dentro dos parâmetros de vulnerabilidade econômica para receberem o auxílio do governo federal tiveram seu pedido indeferido. “Homens e mulheres que sobrevivem do chamado 'fazer um bico', se viram dentro de uma situação de instabilidade financeira muito grande”, lamenta. Ainda segundo ele, a situação de vulnerabilidade social que os moradores da Bela Vista passam gera uma grande insegurança e que a pandemia deixou as desigualdades sociais mais escancaradas. “Acolhemos o pedido de um jovem que teve toda sua família contaminada por sintomas do covid-19, embora não testados, mas este jovem me relatava de forma triste como os pais não tinham condições no momento para comprarem a lista de medicação que foi prescrita para o tratamento da virose, e se questionava como ele iria se hidratar e comer frutas, como disseram para eles fazerem, se na sua casa não tinha de onde tirarem dinheiro nem para os remédios”, relata.

Atualmente, na Paróquia de Nossa Senhora da Salete, na Área Missionária do Santíssimo Redentos, acontece a campanha de solidariedade “Sua solidariedade é um prato cheio!”, que já arrecadou mais de 100 cestas básicas para a população da Bela Vista. Segundo o Padre Thyers, essas cestas cobriram os primeiros dois meses do isolamento social, e foram insuficientes para contemplas todas as famílias em situação de vulnerabilidade social da comunidade. A campanha segue para sua segunda fase.
 

Edição: Monyse Ravena