Rio Grande do Sul

Transporte Público

Trensurb: movimento cresce nas últimas semanas e sindicato pede atenção

O índice de usuários do trem que era de 20% no início do distanciamento social, hoje já está em aproximadamente 50%

Sul 21 | Porto Alegre |
O sindicato chegou a realizar uma campanha com uso de carros de som pedindo à população para deixar o trem apenas para os trabalhadores em serviços essenciais. - Divulgação/Sindimetrô

O crescimento do número de usuários do Trensurb nas últimas duas semanas está preocupando o Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul (Sindimetrô-RS) que, desde o início do processo de distanciamento social em Porto Alegre e na Região Metropolitana, vem realizando uma campanha de conscientização junto à população, pedindo que apenas trabalhadores de serviços essenciais utilizem o trem. Segundo o presidente do Sindimetrô-RS, Luis Henrique Chagas, o índice de usuários do trem que era de 20% no início do distanciamento social, hoje já está em aproximadamente 50%. Mesmo com o espaçamento atual de 15 minutos entre um trem e outro, já começa a se verificar super lotação em alguns horários.

O sindicato chegou a realizar uma campanha com uso de carros de som pedindo à população para deixar o trem apenas para os trabalhadores em serviços essenciais. Com o aumento progressivo do movimento, a campanha de conscientização passou a ser feita com folhetos nas estações ao longo da linha que liga Porto Alegre a Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Com esse crescimento do número de usuários, assinala Luis Henrique Chagas, fica mais difícil adotar medidas de proteção contra o contágio. A empresa, diz o presidente sindicato, convocou todos os operadores para trabalhar.

Até aqui, nenhum trabalhador da Trensurb teve diagnóstico positivo de covid-19. Todos estão trabalhando com Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e seguindo procedimentos recomendados pelas autoridades sanitárias. O Sindimetrô fechou uma parceria com a Unisinos para a realização de 100 testes para covid-19 nos trabalhadores e trabalhadoras que trabalham na linha de frente da operação do trem, como a venda de bilhetes e a segurança. Esses testes devem começar a ser realizados ainda esta semana.

A bilheteria do trem só está aberta no período entre 5h30min e 8h30min. Depois desse horário não há mais venda de bilhetes e os usuários que não têm bilhete ou vale transporte tem a catraca liberada. No final de semana, o trem se tornou alternativa quase única de transporte entre Porto Alegre e algumas cidades da Região Metropolitana como Canoas. A empresa de ônibus Vicasa suspendeu a linha Canoas-Porto Alegre nos finais de semana, alegando falta de passageiros. Essa situação, destaca Chagas, é um exemplo da importância de se manter o Trensurb público. “Se o trem fosse privado, iria fechar no fim de semana também por falta de passageiros”.

Com a pandemia do novo coronavírus, o processo de privatização da Trensurb, que vinha em um ritmo acelerado, parece ter entrado em compasso de espera. Na semana passada, porém, diz o presidente do Sindimetrô-RS, uma equipe do BNDES, que está formatando o modelo do processo de privatização, reuniu-se com a direção da empresa. “Nós ganhamos algum tempo, mas estamos atentos a essas movimentações”, aponta ainda Chagas.

No dia 21 de agosto de 2019, o governo Jair Bolsonaro divulgou uma lista de empresas escolhidas para serem privatizadas. A Trensurb está nesta lista. Desde lá, o Sindimetrô vem realizando uma campanha junto à população repudiando essa decisão e chamando a atenção para a importância de se manter o trem público. “O trem presta hoje o melhor serviço de transporte de toda a Região Metropolitana e essa crise causada pelo coronavírus reforça a importância de se manter público esse serviço, com capacidade de atender a população com agilidade e qualidade”, defende o presidente do sindicato.

Edição: Sul 21