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A juventude quer viver

Em situações mais precárias e de vulnerabilidade os jovens vem assumindo para si a responsabilidade do distanciamento

Brasil de Fato | Iratí (PR) |

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Distribuição de alimentos na periferia. Ação de solidariedade realizada por militantes do Levante Popular da Juventude do Rio de Janeiro. - Levante RJ

Nadando contra a maré de um vírus altamente transmissível, Bolsonaro se autoproclama salvador da pátria antihisteria e como num Grito do Ipiranga esbraveja: o lucro ou a vida! Como de praxe, o povo brasileiro resiste. Mesmo com desigualdades cotidianas e com a necessidade do distanciamento físico, outros meios são resgatados pelas mãos e bocas que gritam e batem panelas em suas janelas em rechaço ao discurso de morte do governante do país.  

Nas redes sociais também pipocam respostas quase que instantaneamente. Em forma de vídeos e edições de imagens, os “memes” são a expressão da opinião e da linguagem da juventude. Como diz Bakhtin, filósofo e linguista, as "contrapalavras" são formas de protesto. Por incrível que pareça, é possível medir a sensatez de nossa geração a partir das sátiras incontáveis, replicadas na velocidade de um clique. 

Nossa esperança é que a juventude seja sensata também fora das redes, assumindo para si a responsabilidade do distanciamento social na medida do possível na condição de cada sujeito, sabendo que os jovens são a parcela mais vulnerável economicamente, em trabalhos autônomos ou informais.  

Ações de solidariedade têm sido construídas, a exemplo do Levante Popular da Juventude, que tem arrecadado e distribuído itens essenciais e de higiene pessoal, a produção de álcool em gel, a impressão em 3D de máscaras para trabalhadores da saúde nas universidades e o projeto de produção alternativa de respirador mecânico (UFRJ) demonstram, além da eficiência da educação pública, que o jovem pode ser a ponte entre quem quer ajudar e quem precisa de ajuda. A juventude pode apresentar muito mais que somente “memes” engraçados, desejamos mudanças e não hesitaremos em arregaçar as mangas para fazer o que for possível. 


Ana Keil é militante do Levante Popular da Juventude e pesquisadora na área de linguagem.
Fernan Silva é militante do Levante Popular da Juventude e pesquisador na área de antropologia da arte.

Edição: Lucas Botelho