Feminismo nos museus

Qual o espaço das mulheres na arte?

Evento debate invisibilidade de mulheres nos espaços artísticos e cria espaço para a troca de experiências

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
"Crie Como uma Garota" discute invisibilidade da mulher na história da arte no MASP
"Crie Como uma Garota" discute invisibilidade da mulher na história da arte no MASP - Foto: Vanessa Nicolav/Brasil de Fato

Apenas 6% das obras de arte em exposição são de mulheres, mas 60% das pinturas com nus são femininos. As estatísticas, retiradas do levantamento do  Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 2017, revelam a desigualdade de gênero ainda presente nos espaços dedicados à arte nos dias de hoje.

O evento “Crie Como uma Garota”, realizado na última quarta-feira (11) no museu paulista, buscou justamente questionar essa realidade. Organizada pela artista plástica e ilustradora Tami Lemos, a atividade tem como objetivo incentivar a expressão artística e criativa feminina por meio do estudo e do questionamento da invisibilidade da mulher na história da arte. 

Para Lemos, a invisibilidade das mulheres na história da arte, assim como nos ambientes que envolvem expressão, "mostra o quanto a gente sempre foi silenciada, não só artisticamente, mas em todo tipo de expressão: a forma que a gente sente, que vive, nosso olhar sobre as coisas.”

A artista afirma que a proposta do evento é, além de trazer o questionamento político, criar um espaço onde as mulheres possam se inspirar, aprender com outras mulheres e trocar experiências. “E [um lugar de] afeto mesmo. A ideia é criar um espaço para todos, não só as mulheres, mas que todos se sintam acolhidos”.

Para Jordania Ferreira, designer gráfica, que esteve presente na atividade, a arte é uma forma de transformar o mundo. Para ela, a expressão artística é potente por ser uma linguagem mais fácil de ser interpretada e acessada. “Eu acho que inclusive que o crescimento do feminismo e do interesse da mulher na política se deve muito a isso. Eu, de certa forma, fui captada por isso, foi a forma pela qual eu passei a me interessar”, afirma.

A organizadora concorda. Para ela, a arte, especialmente do ponto de vista das mulheres, mais que uma forma de expressão, é um instrumento de intervenção na realidade. “Eu acredito que, para a sociedade, para o momento político social que a gente vive, é muito importante que a gente esteja unida. E a visão feminina é muito importante para mudar o que a gente precisa mudar, que não é pouca coisa”, conclui.

Edição: Julia Chequer