EDUCAÇÃO

30M registra atos em 22 estados contra os cortes na educação; acompanhe

Paralisações, mobilizações e passeatas tomaram as ruas em centenas cidades de norte a sul nessa quinta-feira (30)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Mobilização em Rio Branco, capital do Acre
Mobilização em Rio Branco, capital do Acre - Denilson Almeida / Midia NINJA

O 30M, segundo Dia Nacional em Defesa da Educação, promovido por diversos movimentos populares, estudantes e professores, começou com atos por todo país nesta quinta-feira (30). Pelo menos 150 cidades de 22 estados, mais o Distrito Federal, registraram paralisações e mostras de força e solidariedade. Acompanhe o minuto a minuto dos atos

Os atos são uma sequência do 15M, quando mais de um milhão de pessoas foram às ruas protestar contra o corte de verbas na Educação promovido pelo ministro Abraham Weintraub (MEC) e pelo presidente Jair Bolsonaro, que na ocasião chamou os manifestantes de “idiotas úteis”.

A mobilização surtiu efeito e governo teve que responder: no último dia 22 de maio, foi anunciado que o MEC recuaria de novos cortes orçamentários na Educação e liberaria uma verba de R$ 1,6 bilhões. Em entrevista ao Brasil de Fato, Esther Dwek, professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que não houve recuo, mas sim uma manobra do governo para simular uma repatriação do valor.

“O governo fez um corte que não contou para ninguém, em 2 de maio, de mais R$ 1,6 bilhão, além dos R$ 5,8 bilhões anunciados em março. Eles fizeram esse bloqueio preventivo sem anúncio. Em 22 de maio, quando saiu o relatório bimestral, que avalia o que está acontecendo com as receitas e despesas como um todo, eles viram que não era necessário fazer esse bloqueio extra de R$ 1,6 bilhões e devolveram esse valor. O corte está mantido, não houve recuo. O governo usou isso, na minha opinião, para tentar esvaziar as manifestações contra os cortes”, afirmou Dweck.

Logo cedo, em Rio Verde, Goiás, manifestantes começaram a se organizar com um ato no centro da cidade.Outras cidades do Estado, como Catalão e Posse, também tiveram atos de rua.

Estudantes tomam as ruas de Catalão. (Foto: Jainer Diogo)

Em Brasília, manifestantes começaram a se concentrar às 10h ao lado da Biblioteca Nacional, localizada na Esplanada dos Ministérios. Ao menos até 12h, o protesto se avolumava com a chegada de mais ativistas, principalmente universitários, secundaristas e professores. Os organizadores estimaram em cerca de dez mil o número de participantes. A Polícia Militar não divulgou levantamento. 

O protesto contou com o apoio de parlamentares do Distrito Federal e do Congresso Nacional. Eika Kokay (PT-DF), repudiou o tratamento que o governo dá à área da Educação no país: "O fascismo e o autoritarismo não aceitam a arte, a cultura, a ciência. Nós não voltaremos para a senzala, para a sala escura da tortura".

Às 12h30, após longa negociação com a Polícia Militar, os manifestantes saíram em marcha em direção ao Congresso Nacional, entoando palavras de ordem como "Não é balbúrdia, é solução / Bolsonaro tire as mãos da Educação". Não foi permitido que o carro de som do protesto descesse a Esplanada. Originalmente previsto que o protesto seria encerrado em frente ao Parlamento, parte dos estudantes retornou pela outra via da Esplanada, encerrando o ato na Rodoviária de Brasília. 

Levando familiares consigo ao protesto, Barbara Costa, graduada em Estatística na UnB em 2018, estudou a mudança das universidades desde 2010, e vê nessa transformação parte da motivação do governo: "O perfil socioeconômico dos alunos de graduação mudou nos últimos anos, com o acesso de mulheres, negros, pessoas que eram os primeiros da família a entrar na universidade pública. Isso incomoda. Estamos ocupando o espaço de privilegiados. Esses ataques são uma reação a esses avanços".

O Nordeste não ficou atrás: em Quixadá e Limoeiro do Norte, no Ceará, centenas de estudantes tomaram as ruas em atos animados com canções e cartazes (veja vídeo abaixo).

O mesmo em Caruaru e Araripina, Pernambuco.

Em Ipojuca (PE), os petroleiros da Refinaria Abreu e Lima paralisaram suas atividades para sair em defesa da Educação.

A Bahia viu Ilhéus e Amargosa, no Recôncavo, amanhecerem cheia de estudantes nas vias públicas.

Estudantes protestam em Ilhéus/BA

Salvador seguiu o exemplo e levou milhares de manifestantes para tomar a cidade.

Salvador protesta contra cortes promovidos por Bolsonaro.

No Sul, a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) amanheceu paralisada, com oficinas de cartazes e debates público.

Em Presidente Prudente (SP), a população foi brindada com uma aula pública sobre educação.

Em Brasília (DF), estudantes e trabalhadores estão se concentrando ao lado da Biblioteca Nacional para uma manifestação na Esplanada dos Ministérios.

Estudantes negociam manifestação na Esplanada (Foto: Rafael Tatemoto)

Fique ligado no Minuto a Minuto | 30M: Brasil em luta pela Educação e Contra a Reforma da Previdência para saber mais.

(Texto atualizado às 16h)

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira