Rio de Janeiro

CULTURA NEGRA

No Rio, Instituto Palmares de Desenvolvimento Humano sofre ação de despejo

Há 30 anos, a ONG mantinha aulas de capoeira, dança afro e percussão; um ato acontece quarta (30) em defesa do espaço

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Na quarta-feira (30) está marcado um ato em frente ao IPDH, às 14h, em defesa do importante espaço de cultura negra no Rio de Janeiro
Na quarta-feira (30) está marcado um ato em frente ao IPDH, às 14h, em defesa do importante espaço de cultura negra no Rio de Janeiro - IPDH/Divulgação

Há 30 anos no mesmo local, o Instituto Palmares de Desenvolvimento Humano (IPDH), localizado na Rua Mem de Sá nº 39, na Lapa, sofreu na manhã desta terça-feira (29) uma ação de reintegração de posse. A ONG de cultura negra oferece aulas de capoeira, dança afro, percussão, músicas e danças africanas. Além disso, também promove atividades voltadas principalmente para jovens como o Encontro de Empreendedores Pretos e Pretas, cursos, apresentações e debates. 

O IPDH teve o prédio incendiado em 2011. Sem apoio do governo, os próprios responsáveis se mobilizaram para recuperar o espaço e realizar as reformas necessárias. O processo de reintegração de posse estava em tramitação no Tribunal de Justiça, mas quarta-feira (30) estava marcada uma reunião com a Secretaria de Cultura do governo estadual para uma vistoria técnica. Por isso, a ação de despejo surpreendeu os integrantes do Instituto.

O IPDH faz parte do conjunto de prédios do "Corredor Cultural da Lapa" e foi o único a ser fechado. Segundo gestores da ONG, o despejo ocorreu às 9h sem aviso prévio e com prazo de uma hora para que o local fosse esvaziado. O Instituto foi fundado em 1989, na Lapa, por um grupo de negras e negros com formação acadêmica, artística, social, técnica e política.

Um protesto está marcado para esta quarta-feira (30), às 14h, em frente ao local para tentar reverter a decisão e proteger o espaço que é referência de luta e valorização da cultura negra e do afro-empreendedorismo. "A nossa luta é só a nossa presença, a única coisa que nós podemos fazer é estar presente e mostrar como essa casa é importante pra toda comunidade. Talvez esse seja o único território que nós temos aqui no Rio pra desenvolver nosso potencial", disse Catarina de Paula, diretora administrativa do IPDH, em um vídeo que circula nas redes.

Edição: Eduardo Miranda